Vida Cigana

Numa lanchonete no centro da cidade princesa da Bahia, Feira de Santana, com estrutura física estreita, vitrine de lanches convidativa,

uma senhora avistou o sonho da infância, recheado de goiabada e coberto de açúcar cristal, a boca ficou embebida de desejo. Sua meia idade,cabelos compridos com alguns fios grisalhos e bem vestida descreve a beleza da mulher baiana. Entra, senta, pede um café com leite, e lógico um sonho.

Ao lado uma jovem, chama à atenção da mulher com a seguinte frase: "Eu nunca gostei de sonho, desde pequena." A senhora olha para ela e nem examina o que ela come porque nada ali lhe interessa além do seu delicioso lanche. Devolve a consideração feita apenas com uma frase: Eu adoro, desde pequena.

Antes do café ser ingerido totalmente, um rapaz entra, dialoga com a moça ao lado, também com a proprietária do estabelecimento, pede um cafezinho, e segue o próprio destino.

Uma cigana, vestida à caráter entra naquele espaço apertado, oferece amuletos feitos em madeira, e os seus serviços para fazer a leitura de mãos, porém, ninguém se interessa pelo amuleto, nem pela leitura das mãos. Nem a mulher que se encanta e descreve com os olhos as vestes ciganas amareladas e adornadas. A cigana se aproxima dela e oferece aquela mão fechada feita em madeira. Mas, ela não demonstra interesse, momento em que a cigana elogia a educação, beleza e ostentação da senhora que ainda saboreia o café. oferece mais uma vez, descreve a função mitológica daquele material amadeirado e diz o valor. A senhora oferece o dinheiro, mas não quer o objeto. A CIGANA insiste, e consegue que ela também dê outro valor para fazer a leitura de sua mão, não contente, a cigana continua sua investida na tentativa de tirar mais dinheiro da senhora, agora para proteger o relacionamento amoroso da mesma.

Educadamente, a mulher agradece, elogia, pergunta sobre estadia do grupo cigano na cidade, pergunta sobre a família, informa sobre a descrença na cultura advinha e mais uma vez surpreendida, a cigana pede um lanche. A mulher desconcertada, autoriza e relembra de um documentário que assistiu, descrevendo a vida cigana e suas dificuldades para sobreviver em território no qual discriminam o povo cigano. Porém, não deixa de chamar à atenção para o embaraçoso momento, e orienta que não seja tão invasiva, que ela estava doando dinheiro pela necessidade que sabia que passava o povo cigano, não pela abordagem mitológica.

A cigana pega o lanche e se despede de todos os presentes. A mulher percebe a inquietação das pessoas, a interrogação, mas ela não considera os olhares e pensares, apenas paga o que comprou e segue, com certeza refletindo a vida de quem pede esmolas sutilmente, de quem não vê valorizada uma cultura diferente, da sua inquietação em não ser deselegante. Mas ciente que foi invadida em sua privacidade.

A cigana leu a sua mão.

A cigana só não vendeu o amoleto, ela se tronou o amoleto no instante em que fez a senhora voltar a infância, lembrar dos sentimentos e da relação dos ciganos coma vida, dela.

Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 04/08/2019
Reeditado em 14/12/2019
Código do texto: T6712173
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