Eu sou um milagre.

Não sei o que é mentira em mim, meu nascimento ou minha morte prematura quando descobri um câncer.

Eu tinha 13 anos, meu corpo estava se modificando, um alto teste de mama detectou um pequeno caroço do damanho de um feijão.

Lembro que chorei por muitas noites, minha mãe me pegava chorando mas fingia não ver, os meus seios começaram a rachar e as vezes molhava a camiseta, tinha fortes dores na cabeça e essas dores eram quase mortal, bom não foram mortais porque ainda estou aqui contanto minha história.

Eu ficava triste cada vez que uma amiga morria com essa tal doença, então diante da minha covardia me calei, não contei pra ninguém escondia de mim mesma e minhas dores eu de alguma maneira conseguia conviver com as dores e quando se intensificam eu ia pro chuveiro ou deitava e tentava dormir. Anos depois as dores diminuíram , e não contei a ninguém, não deixava meus namorados me tocarem, isso me mantia saudável. Um belo dia minha mãe começou a sentir dores nas pernas, mais uns anos e foi diagnosticada com câncer no fêmur ficamos desesperados , não tínhamos plano de saúde , minha mãe morreria a mingua sendo tratada pelo sistema único de saúde o SUS. Começaram nossas idas pra capital, parte de minhas irmãs já moravam lá, e era tudo muito sofrido, pegar ônibus, andar a pé minha mãe ia se arrastando, com dores inimagináveis , bom o câncer dela era no fêmur, os médicos coogitaram a nescessidade de amputar a perna, minha mãe não aceitou, disse que se ia morrer morreria com tudo que era dela, ou seja com seus membros inferiores, ficou em tratamento durante 5 longos e inacabáveis ano, perdeu os cabelos, e juntamos nossas miseráveis economias para comprar uma piruca, a piruca era horrível, mas ela colocava, depois da vos, não conseguia mais andar e no último ano perdeu a voz, e aquela mulher com personalidade forte só queria desencarnar, na noite de natal fez uma reza forte, circulamos a casa com velas, e ela fez uma oração, algumas vagas lembranças, acredito que a reza era para ela desencarnar, no dia 27 de dezembro de 1996 ela desencarnou, senti que ela finalmente havia descansado, entrei numa luta espiritual com Deus, ele tirou uma mulher forte, de uma vida que ela queria , e no entanto , não aceitou a minha vida pela dela, eu sabia que seria a próxima a desencarnar, mas eu fazia a dieta do limão, tomava babosa com mel e pinga, ficava semanas e até meses sem sentir dores, o caroço no seio esquerdo já estava do tamanho de um pêssego, apareceu um nódulo no pulso e um no dorso da mão eu enfaixava e fingia que tinha torcido a mão, minha mãe havia me mandado esquentar o limar e por encima da mão, fazia isso escondido pra ninguém ver, e então escrevi o livro a estrada contando dos sintomas que mais parecia um tipo de esquisofrenicaparanóide.

Já que ia morrer e meu pai já estava com idade avançada resolvi me mudar para a capital para ficar mais próxima de minhas irmãs, e assim o fiz, vim em 2012, passei num concurso público e fui trabalhar na saúde mental como assistente social, faço com muito esmero o meu trabalho em 16 de março de 2022 perdi meu pai para um infarto, e eu que já estava morta ainda estava viva,. E aparentemente saudável, mas corta e meia desmaiava e serviços caseira me doíam o corpo inteiro, mesmo assim os fazia, depois tomava analgésico e a cada tempos nimisulida, também tomava pílulas , para adiantar o processo, mas de alguma forma as pílulas me ajudavam a não menstruar e derraramar sangue até ficar amarela, descia muita menstruação, com o tempo descobri que se tomasse sem parar a menstruação não descia e assim comecei a tomar sem parar, depois da morte de meu pai e diante do quadro psiquiátrico e clínico, com várias quedas de nível e dores pelo corpo todo resolvi pela primeira vez fazer uma bateria de exames , foi detectado vários nódulos , tanto na mama direita quanto na esquerda demorei uma semana pra abrir o laudo, quando abri li apenas nível 6, lacrei o envelope e deixei ali por mais um mês depois retornei ao médico , estava com dormência na perna esquerda e fisgadas na virilha, novamente me matei, é eu devia estar no estágio final abri denovo o diagnóstico, e li lá que o câncer era benigno e que teria que repetir em seis meses, eu devia monitorar, ri da minha pouca fé, tem mais um exame que não fui pegar ainda pois foi feito em um hospital fora da capital. Tô com uma cara de saudável, mas agora sei que o meu câncer é benigno porém não pediram biópsia, nem me orientaram a fazer, eu nunca falei do meu câncer terminal pra ninguém, ele fez as pazes comigo, e possivelmente morrerei de outra doença, mas não me preocupo com a morte, resolvi viver de forma suave, fiquei rica, só compro carro zero tenho uma casa no campo e um apartamento na cidade de são José dos Pinhais. Meus herdeiros São meus irmãos, exceto o carro que ficará pra minha irmã e comadre . Por ela cuidar de mim do jeito dela .

Sinceramente sou uma pessoa feliz, descontraída, desapegada do mundo físico. Mas consciente que as vezes a medicina não é eficiente e alguns estudos precisam de mais investimento.

Sei que Deus me deu uma missão muito importante para entender o porquê depois de tanto tempo com câncer ainda não morri .

É real eu sou um milagre.

MARGARYDA BRITO
Enviado por MARGARYDA BRITO em 13/08/2023
Código do texto: T7860867
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