ORIGEM DO SOBRENOME ALMEIDA

"ALMEIDA (Parte 1)

Sobrenome de origem geografica. Vila de Portugal. Composto do artigo definido al, a, e do substantivo -ma'ida, a mesa; por extensao, podemos interpretar por: campo plano ou chao, ou planalto. O linhagista Felgueiras Gayo, em seu Nobiliario de Familias, principia esta familia em D. Palayo Amado, ou Pallato Almade, filho de D. Payo Paes Guterres, Rico-Homem fundador do Morgado de Tibaes. Do seu casamento com D. Moninha Guterres, Dama da Rainha D. Teresa (fal. 1130), esposa do Conde D. Henrique, originaram-se as familias Amado e Almeida. Um dos netos deste casal, Payo Guterres, que viveu no tempo do Rei D. Sancho I (fal. 1211), foi apelidado de Almeidao por ter tomado, aos Mouros, o Castelo de Almeida de Riba Coa, e participou junto ao seu Rei, da batalha de Campos de Arganal, cerca de 1180, e foi muito valido do Rei D. Afonso II (fal. 1223). Por ser Senhor do Castelo de Almeida, passou aos seus descendentes esta propriedade, que tomaram seu nome como sobrenome de familia (Gayo, I, ). O primeiro que nos aparece com este sobrenome figura nas inquiricoes de 1258, onde se diz que Joao Fernandes, chamado Almeida, comprou e ganhou entre as herdades foreiras do rei, no termo de Azurara, a Herdade da Cavalaria com varios privilegios e fundou uma aldeia chamada Almeida, na mesma regiao; em tempo de D. Sancho II, esta propriedade era de Martinho Lourenco, marido da sua viuva, e dos filhos de Joao Fernandes. Esse Joao Fernandes, por sua vez, era filho de Fernao Canelas, que no tempo de D. Sancho I comprara a Quinta do Pinheiro alem de outras. Este Fernao, segundo as testemunhas da Inquiricao, nao tinha antes propriedades na terra de Azurara. Outras genealogias dao aos Almeida geracao muito mais nobre e muito mais antiga, como a que atribui a origem da familia a um Pelaio ou Palayo Amado, citado acima, que seria valido do conde D. Henrique, e ate a certo Paio Guterres, tambem, ja citado, que uns dao como neto de Pelaio Amado e outros dizem ser da familia de Egas Moniz. Na verdade, o sogro de Egas Moniz chamava-se Paio Guter

Espanha, na fe de Rodrigo Mendes Silva, consideram-se os Almeidas descendentes de Egas Moniz, o que, como vimos, e falso. Embora nao seja provavel, pode ser que a alcunha de Almeida, que tinha Joao Fernandes, derive da vila de Almeida e que a aldeia existente na terra de Azurara fosse por ele dada a sua alcunha. Seja como for, historicamente so poderemos considerar como primeiro membro da familia Fernao Canelas, cujo apelido Almeida seguiu, provavelmente, na descendencia de seu filho, ate Lourenco Anes de Almeida (talvez seu bisneto), que foi alcaide-mor de Linhares e Castelo Mendo, por merce de D. Fernando. Nao e conhecido o parentesco entre Lourenco Anes de Almeida e Fernao Alvares de Almeida, companheiro do mestre de Avis e seu veador, comendador de Jerumenha e Vila Vicosa, alcaide-mor de Abrantes, claveiro da Ordem de Avis, aio dos filhos de D. Joao I, de quem recebeu muitas merces. Fernao Alvares de Almeida faleceu antes de 1429, sendo sepultado na Igreja de S. Domingos, de Lisboa, deixando quatro filhos legitimados, de dois dos quais conhecemos a sucessao; do mais novo, Alvaro Fernandes de Almeida, trataremos adiante. Herdou a casa um destes filhos, Diogo Fernandes de Almeida; que foi sepultado na Igreja de Santa Maria do Castelo, de Abrantes, que mandou construir, e na descendencia deste foi criado o titulo de conde de Abrantes em 1476, extinto em 1529 ou 1530, e depois renovado em 1645 e extinto antes de 1656. Esta renovacao do titulo foi dada a favor de D. Miguel de Almeida, um dos 40 fidalgos da Aclamacao de 1640, que morreu viuvo e sem filhos. Dos primeiros condes de Abrantes foi tambem filho D. Diogo Fernandes de Almeida, prior do Crato, que entre outros filhos bastardos teve D. Lopo de Almeida, de quem descendem a Casa de Avintes (e Lavradio) e de Assumar (depois de Alorna). D. Pedro de Almeida Portugal, neto do 1.º conde de Assumar, foi nomeado vice-rei da India e criado marques de Castelo Novo, em 1744. Este titulo foi mudado em marques de Alorna (por ter conquistado esta praca) em 1748. A varoni

ter extinto a descendencia masculina, passou a representacao da Casa para uma varonia Mascarenhas. Um irmao do 1.º conde de Assumar, D. Luis de Almeida Portugal, primeiro alcaide-mor de Borba, foi casado com D. Maria Josefa de Melo Corte-Real, filha do 1.º conde das Galveias, e, por se ter extinto a geracao varonil, foi o titulo renovado em D. Joao Vicente de Almeida Melo e Castro, por Carta de 1808. Este 5.º conde das Galveias, que tinha, portanto, a varonia Almeida, havia sido ministro dos Estrangeiros e da Guerra, e em 1809 foi ministro da Marinha e Ultramar, no Brasil. De um seu irmao, o 6º conde, que foi um notavel enfermeiro-mor do Hospital de S. Jose, descendem os representantes do titulo de Galveias, hoje com a varonia Aviles. Conservou a Casa de Avintes a varonia de Almeida ate a filha do 8º conde, que casou com Jose Correia de Sa Benevides da Camara, filho do 6.º visconde de Asseca; os atuais representantes da familia Lavradio tem, portanto, a varonia Correia de Sa (dos viscondes de Asseca). Outro ramo dos Almeida provem de Goncalo Pires de Almeida, escudeiro, filho bastardo de Pedro Afonso e Margarida Annes, a quem Martim Vasques da Cunha, de quem era criado, fez doacao de juro e herdade da sua terra e coroneleiro de Mocamedes em 1389. Ignora-se donde lhe vinha o apelido de Almeida, mas era parente dos outros Almeida, como Martim Lourenco de Almeida, filho de Lourenco de Almeida, de quem ja falamos, e portanto tb. de Fernao Alvares de Almeida; talvez por esse facto, sua mulher, Ines Annes, foi ama do infante D. Henrique, de quem era colaco seu filho Joao de Almeida. Goncalo Pires foi legitimado poucos meses depois da doacao de Mocamedes, em 1389. Alguns anos mais tarde, Martim Vasques da Cunha passou a Castela e, por esse motivo, foi-lhe confiscada a Casa e posto seqüestro sobre as doacoes que havia feito, mas Goncalo Pires conseguiu que fosse confirmada a sua doacao, em 1398. Em 1410, tendo morrido Goncalo Pires de Almeida, seu filho ja, referido, Joao de Almeida, conseguiu que a terra e coroneleiro

para sempre, por Carta de 1410. Um seu descendente, D. Jose de Almeida e Vasconcelos do Several da Maia Soares de Albergaria, foi feito barao de Mocamedes por Carta de 1779; sucedeu-lhe seu ; filho primogenito, 2. barao e 1.º visconde da Lapa em 1805, que morreu sem geracao. Sucedeu-lhe seu irmao mais novo, Manuel, que foi 3.º barao de Mocamedes, 2.º visconde da Lapa e l.º conde da Lapa em duas vidas, por Carta de 31.8.1822. Alvaro Fernandes de Almeida, de que falamos mais acima, filho legitimado de Fernao Alvares de Almeida, foi amerceado por D. Joao I com muitos bens, que tinham sido confiscados a Joao Fernandes Pacheco. Casou com Catarina do Sem, irma do chancoroneler-mor de D. Duarte, Martim do Sem, de uma familia de ilustres letrados. Nos descendentes deste casamento recaiu a representacao dos condes da Lapa esta hoje no apelido. Os Almeida, chamados da Quinta da Cavalaria, so entraram na posse dela, por, compra ao conde de Penela, nos fins do sec. XV. A confirmacao dos privilegios da quinta a Fernao Lopes de Almeida foi feita por Carta de 1497. Esta Quinta da Cavalaria nada tem que ver com a Herdade da Cavalaria, que teve Joao Fernandes, chamado Almeida, em 1258. Em primeiro lugar, uma esta em terra de Vouzela e a outra em terra de Azurara, muito longe dali. Alem disso, na Idade Media, dava-se o nome de cavalaria aos bens rurais sobre os quais impendia a obrigacao de fornecer para a guerra um cavaleiro armado e montado; o nome era, portanto, muito freqüente. Este Fernao Lopes de Almeida e dado nos nobiliarios como filho do alferes-menor Duarte de Almeida, mas essa afirmacao nao pode ser verdadeira, embora seu pai possivelmente se chamas-se Duarte de A1meida. De fato, Fernao Lopes sobreviveu ao alferes de Toro, mas ja em 1464 era adulto, e o sucessor do Decepado, par ser seu filho mais velho, nasceu aproximadamente por esta data. Fernao Lopes de Almeida, que foi provedor e administrador das caldas e coroneleiro do concelho e terras de Lafoes (hoje estas caldas sao conhecidas por Termas de S. Pedro do Sul),

principios de 1514. Nos seus herdeiros continuou a representacao da Casa da Cavalaria, que depois por casamento recaiu nos Aguilares Monroys, nos marqueses de Penalva e nos condes de Tarouca. Tambem de um ramo bastardo desta Casa descendeu o 1.º barao de Claros, falecido em 1875, com geracao. De uma Isabel de Almeida, filha de Nicolau de Almeida e casada com o Dr. Sebastiao Rodrigues de Azevedo, provem os Almeidas Azevedos. Finalmente, de outro ramo da familia descendia Duarte de Almeida, o Decepado, cuja filiacao nao e perfeitamente clara, mas talvez fosse filho de Joao Fernandes de Almeida, que seria filho de Fernao Anes de Almeida, legitimado em 1377, cujo pai era o clerigo de ordens sacras Joao Fernandes e mae Sancha Fernandes de Almeida. Duarte de Almeida, sendo cavaleiro da casa de D. Afonso V, teve doacao de duas quintas proximas de Santarem em 1464. Em resultado, provavelmente, da perseguicao politica, a familia decaiu gravemente, e apenas se sabe que do filho mais velho de Diogo Fernandes provinha uma familia Almeida e Silva, senhores de uma quinta nas proximidades de Santarem. Nao sabemos quem fosse D. Genebra de Almeida, que dizia ser parenta do alcaide-mor de Torres Novas, Diogo Fernandes de Almeida, e que casou com Luis Rodrigues de Bivar. Alguns dos seus descendentes usaram o apelido Almeida, e passaram à Franca, onde usam o nome Soares de Almeida e se dao falsamente como descendentes dos Soares de Figueiroa, duques de Feria. O sobrenome Almeida esta muito espalhado em Portugal, nao sendo possivel determinar a origem de todos que o usam. Tambem passou a Espanha, ao Chile, ao Brasil, à Sicilia, etc. (Verbo, 1359-1365). Esta familia passou à Ilha Terceira, na pessoa de Miguel Cardoso d'Almeida, que nasceu no ultimo quartel do seculo XVII. O seu solar era a Casa de Posto Santo (assento de morgado) na freguesia de Santa Luzia, de Angra. Tambem tinha na rua da Se, da dita cidade, uma casa de habitacao, que ainda em 1944 conservava na sua frontaria - apesar de estar em poder de estranhos, assim como o di

Nobiliario, I, 79)..."

Luiz Fernando Hisse de Castro