Querida amiga

Você me perguntou porque fiz aquela expressão ao ler o texto. Não pude responder na hora. Faço-o agora.

Ter a consciência de certas coisas é bem doloroso. Para mim o foi. Vi naquele momento o quanto nada signifiquei. E me lembrei de uma história. Quando estava à procura de um apartamento para alugar, encontrei um que me pareceu praticamente perfeito : o senão era o carpete e o valor do aluguel - demais para o meu orçamento. Conclusão: não pude ficar com ele, mas voltei para casa bem triste. Parecia-me que nunca mais encontraria um apartamento perfeito como aquele.

De vez em quando me pego com ciúmes do apartamento. Deve ter alguém morando lá e não gosto disso. O apartamento não era para mim, mas foi perfeito para alguém. Pena que esse alguém não era eu...

Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar lhe contando isso ou que ligação há entre essa história e a minha expressão ao ler aquele texto. Pois bem, vou explicar:

quando li o texto, vi que aquela história não era mesmo para mim. Como o apartamento, não cabia no meu "orçamento". E ainda tinha o "carpete" - não iria me fazer bem...

Eu fiz a coisa certa ao me retirar da história e permitir que outro alguém ocupasse o lugar. Alguém que se encaixasse melhor. Alguém que pudesse bancar essa história, como eu não pude.

A expressão foi uma distração minha. Não era para ninguém perceber. Ninguém nunca deveria saber que eu fiz a escolha certa, mas não tive nenhuma satisfação nisso.

Um beijo.

Débora Patrícia
Enviado por Débora Patrícia em 24/01/2006
Código do texto: T103206