Meu amor,

 

 

Cai uma chuva calma e sinto-me completamente envolvida por seu canto ritmado. Gosto da chuva. Sinto-a de acordo com o estado de minha alma. Quando estou triste ela parece lágrimas de nuvens tristes a chorar seus amores perdidos. Quando estou feliz ouço-a como um canto de amor a terra que a acolhe. Noutros momentos ela é apenas um manto sagrado a derramar sobre a terra o líquido abençoado que sacia sua sede.

Hoje ela é um pouco de tudo. Gotas de saudade num canto de alegria a minha sede de amar. E enquanto a chuva cai, da janela vejo a vida lá fora, limitada entre a janela e a parede que me impede de ver além dela, mas sei que ela pulsa além dos muros, que em outra janela outros olhos pensam nos meus; um outro olhar escreve sobre a vida e o amor e pensa em mim, pois como a chuva, nós resistimos ao tempo e não somos elementos de uma única estação, somos gotas de amor que permeiam todas as estações.

 A chuva é como água benta que lava os corpos profanos, cheios de pecados sacralizados pelo amor que fazem e vivem. Os pingos caem cadenciados, como se quisessem dar ritmo as lembranças que me remetem ao seu corpo amado sobre o meu.

 

 Sinto-me acolhida por esta lembrança e recordo nosso último encontro. Nossa entrega apaixonada, você me amando com a intensidade das águas fortes de um temporal. De meu corpo banhado de suor o colar-se ao seu, completamente entregue, como o riacho que se deixa transbordar pelas águas das correntezas.

 

De você jorrava rios de prazer, como uma fonte que inunda as grutas sedentas de amor. Vencidos pelo torrencial prazer nos deixamos ficar aparentemente quietos, como as águas de um rio após a enchente. Ternamente abraçados nos beijamos com carinho e agradecemos aos céus este temporal de amor que alaga que nossas vidas toda vez que nos encontramos. Parou a chuva. Mas as lembranças permanecem. Estão em mim. Em cada pedaço de meu corpo. De meu ser. De meu coração. Amo você meu querido.

 

                                                             Da sempre sua,
                                                                                                    Ângela
Crb, 1987.
* Da Série: As cartas de Amor que escrevi para você.

*Imagem pesquisada no Google.




 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 22/08/2008
Reeditado em 04/10/2011
Código do texto: T1140479
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