O suicídio de Odabi Oudsue

Transtornado, ressentido por excelência.

Acordei com uma vontade oprimida por valores ocidentais.

Minh´alma não pertence a este mundo

.O meu único êxito será a vingança contra a moral de meus genitores.

Pai, esqueça essa esfera que colocas na face, não te sintas superior,

não tenhas o sentimento de indiferença, não penses no teu filho como um sucessor,

mas sim como criador, impulsionado pelo ódio, de novos valores ideais.

Lembra-te dos passeios matinais que fizemos, num campo aberto, sentindo o amor brotar das árvores.

Tenhas, como lembranças, os sorrisos de um menino,

mas esqueças o homem que ele tornou-se.

Este ser repugnante, frio, amargo.

Nesta amargura cresci e desapareci.

Mãe, esta última vertigem de angústia é a passagem deste espírito sem corpo.

Preparei em mim e para mim um fim indolor.

Para poupar a tormenta de acordar e ver-me atirado ao chão, sairei de casa.

O teu filho criou coragem.

Terminarei alguma coisa na vida.

Encerrarei o capítulo da adolescência, da vida adulta.

Liberdade!É isto que desejo.

Não quero acordar sentindo amarras em meus punhos, prendendo-me a uma existência medíocre.

Por isto estes passos não terão volta.

Do pó cresci e ao pó voltarei.

Em conjuntura com uma floresta morta, meu corpo em chamas, descansará em paz.

Entrego meus restos ao sibilar dos ventos.

E, finalmente, regozijo a dor como forma de protesto.

Não deixarei que meus restos sejam julgados e condenados ao exílio cristão. NÃO!

Não chorarão em um enterro fictício, não confabularão missas.

Com este último vingo toda a existência.

A melancolia passou e para vocês só tenho uma coisa a dizer:

Deus acabou de morrer.