A chuva

Fazia ao menos sessenta dias que não chovia. Eu estava tão distante quanto à chuva e tão seco como a terra, lembra? Quando eu me dei conta, você já estava do meu lado. Voltei ao meu mundo e entendi que era o momento da verdade. Sabe... Dizem que a verdade dói, mas o que realmente fere são as conseqüências da mesma. Conversar, dizer, expressar e saber que poderia ser a última olhadela nos seus olhos bonitos e amendoados me rasgava o coração. Eu não sabia a sua descendência ao certo, mas o amor... Ah! Aquele amor entre nós... Sim... Eu sabia de onde ele viera. Num dado momento da minha vida, eu parei e pensei no que eu estava fazendo. Talvez o erro fosse meu, pois não poderia culpar ninguém. Novamente aquele seu olhar veio até mim. Indagando sobre a felicidade e a existência do par perfeito, avistei a praça pela janela do carro. Ainda assim, eu sabia... O olhar estava sobre mim. Expliquei o problema e guardei minhas incertezas para que o tempo trouxesse a resposta. Ao sair do carro, cumpri o trajeto que tantas vezes fiz, sabendo que poderia ser a última vez. O portão ainda era “verde-grafite” e o chão ladrilhado. Foi então, que seus olhos rasgados, deram lugar ao beijo sedento e saudoso. A pele linda, que outrora branca, cedeu lugar a vermelhidão do choro. E antes que você se fosse, prometemos guardar o sentimento e esperar a época de colheita. Naquele momento, a tão distante e abençoada chuva veio nos regar para que sobrevivêssemos ao período da seca. Você se foi, mas a chuva não cessou. Juntamente com a chuva, deixei minhas mágoas irem para que só restasse a pureza... Lavou-me. Só quero que você saiba que daquela chuva, eu só quero frutos bons.

Ansiosamente,

Ass: Aquele que aguarda respostas dos céus e do tempo.

Diegus
Enviado por Diegus em 24/08/2008
Código do texto: T1144278
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