Carta a um desconhecido

Olá amigo,

Talvez nem tenhas percebido quando eu passei por você esta manhã. Eu ia apressada enquanto ias lentamente, cabisbaixo e triste. Tão triste que sua tristeza parece que escurecia tudo ao seu redor. Não consigo imaginar o porquê de tamanha dor, certamente você está passando por um momento muito difícil. O olhar pesado e o semblante cheio de dor deixaram claro um grande sofrer.

Para ser sincera ensaiei rapidamente algumas palavras, porém a sua postura entristecida calou meus pensamentos... Olhei-te vazia e desprovida de coragem não pude sequer lhe oferecer um sorriso.

O restante do dia foi assim sua figura em minha mente. Sisuda. Insistente. Forte.

Sabe amigo, muitas vezes a vida nos coloca em situações tão incômodas que ainda que quiséssemos abrir o coração e delas falar não saberíamos, pois a dor se impõe medonha e avassaladora...

Essas palavras deveriam soar como uma canção ou ainda como um belo convite a um sorriso, entretanto percebo envergonhada que não passam de um pedido de desculpas pelo silêncio e pela pressa. A vida anda apressada demais e nos torna indiferentes e de tanta indiferença nos reduz a nada. E de nada nos torna menos, menos humanos, menos falantes, menos gente, menos solidários, menos, menos sempre menos...

Cordiais abraços

Jaidete Nascimento
Enviado por Jaidete Nascimento em 22/09/2008
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