CARTA A PAPAI NOEL
 

                                                                   
Papai Noel,

          Acho que devo começar pedindo desculpas, pois meu narcisismo está em alta e este ano tudo que vou pedir é para mim. A porção EU agigantou-se dentro de mim e sufocou o outro. Não precisa me dizer, eu sei que isso é egoísmo e que este deveria ser um sentimento jogado fora neste período, mas, infelizmente, sou assim, honesta demais para dizer algo diferente do que estou sentindo.

          Ah! Também quero desculpar-me por usá-lo apenas como carteiro, pois na verdade, Papai Noel, quero fazer meus pedidos diretamente ao Papai do Céu. Desculpe-me a ousadia, mas acho que os itens que estou precisando o senhor teria dificuldades em conseguir. Não fique magoado comigo, nem pense que esta é uma pequena vingança por nunca ter recebido sua visita na infância. Eu nunca fiquei aborrecida com isso. Tudo bem? 

          Neste Natal não pedirei que acabe com a fome da humanidade. Mas por favor, traga-me coragem para jamais parar de lutar por um mundo onde o pão de cada dia seja uma realidade em todas as mesas. Que nunca me falte o alimento e a generosidade para dividi-lo com quem precisa.

          Neste Natal, o melhor de minha vida, até hoje, quero renovar minha fé na humanidade e deixar florescer minha esperança de que haverá um dia onde nada mais precisarei pedir, pois terei tanto a agradecer que os pedidos serão desnecessários. 

          Não vou pedir que extermine a violência, mas não permita que eu caia na tentação de violentar-me em nome da moda, da ditadura da beleza. Que minha vaidade não cegue meu bom senso.  Que o desejo de parecer bela não ultrapasse minha fome de saber e não silencie a razão dentro de mim.

          Esta, meu Deus e Senhor, é minha pequena lista. Mas posso resumi-la ainda mais. Sei que não sou a única a lhe enviar pedidos, por isso, se estiver muito ocupado pode jogá-la fora e fazer-me apenas um pequeno agrado: cuidar de minha família e de meus amigos, pois eles são o que tenho de melhor e, se possível for, perdoar-me pelo egoísmo. 

          Feliz Natal a todos vocês que acreditam que a vida vale a pena e que comemorar o Natal com alegria é possível, apesar da fome, da violência, da sordidez, da crise mundial, dos maus políticos, da droga, das crianças abandonadas, dos idosos sem lar, das mulheres exploradas... 

          Que o Deus Menino nos faça mais homens e mulheres e que em nosso coração a luz da vida jamais se deixe ofuscar pelos males que ferem a humanidade. Sejamos, todos, um pouco do muito que Deus espera de nós.






 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 21/12/2008
Reeditado em 16/12/2009
Código do texto: T1347282
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