Para ser eterno
Muitas foram as vezes que minha boca se abriu para receber os teus beijos, para dizer o quanto te amo ou simplesmente para nada dizer. Diante de tua presença são as minhas palavras que se ausentam e sinto-me desprender da carne que molda este corpo que inexiste, quando teus olhos encontram os meus, antes mesmo de eu poder tocá-la... acariciá-la... senti-la tão ou mais perto que um sonho, que se desfaz na proximidade de tuas horas fora de mim.
A vida pulsa ao meu redor, mas a eternidade exterioriza outras sensações. Um porvir de sensações indescritíveis antecedem o silêncio e calam qualquer coerência. Meu mundo passa a ser a tua existência, exatamente no quando e no até. Limitações que a realidade impõe a quem ama e incide nas contradições das propostas e efeitos causados por uma permanência que nunca é constante. Sonho. Apenas sonho. Nada que consinta uma frequencia maior no acontecer.
Eu aspiro tua presença, inspirando-me nos veios mais sinceros dos desejos que não abandono. E quando te sinto, tomando a parte de mim que menos posso, é exatamente aí, nesse momento que não se define, que todas as coisas deixam de existir. Êxtase e plenitude. Olhos perdidos, os meus que veem além do que tua imagem reflete. Pureza imaculada desse sentimento inesgotável, que me consome e por mim é consumido, no enquanto dessas esperas por ti, meu amor, que jamais deveria ter partido...
"Tirem-me o pão de cada dia;
tirem-me a água e o sol;
levem de mim as estrelas e a lua,
deixem-me somente um pedaço d'alma
e um pouco de você;
nada mais precisarei para ser eterno..."
(Autor desconhecido)