A dor da perda

Escrevo esta carta dedicada a quem quiser lê-la, com o intuito apenas de dividir com alguém o que sinto, e poder contar um pouco da minha história, e da minha dor.

Há quase um ano, fui encontrada pela felicidade da espera pela pessoa que passaria a ser a mais importante de minha vida; minha filha. Seu nome, Ana Beatriz, que escolhi com amor e esperança, pois sabia que passava por uma gravidez de risco.

Aos quatro meses de gestação, descobri que minha filha apresentava uma má formação conhecida como gastroesquise (quando a parede abdominal não fecha e as alças intestinais ficam pra fora da barriguinha).

Eu sabia que minha princesa passaria por cirurgias ao nascer, mas minha fé nunca desfaleceu, e passei longas horas de silêncio em oração.

Na madrugada de 10 de dezembro de 2008, não pude dormir, pois as dores não me permitiam. Pela manhã fui levada ao hospital, e as 17h foi realizada a cessaria, e nasceu minha filha.

Uma linda garotinha, tão pequenina, de lindos olhos azuis, pesando apenas 2,025k, com 42cm. Eu já amava aquela criança mais do que fui capaz de amar alguém minha vida toda.

Um mês, ela passou na UTI, mais precisamente um mês e quatro dias. Deste mês, 24 dias foram em jejum, devido à cirurgia de correção. Após esse tempo, ela precisou de um período de adaptação para que seu organismo não rejeitasse alimentação. Enfim, após um mês e três longos dias, pude finalmente amamentar minha jóia rara. E no dia seguinte estava eu, radiante, com as malas prontas para tirá-la daquele hospital. Foi uma festa! Chegar com ela em casa, colocá-la no berço, escutar seu chorinho ali perto de mim foi tudo o que eu havia pedindo a Deus.

Ana Beatriz me ensinou muita coisa, me fez ver como a vida é bela na simplicidade, e como é grande nossa capacidade de amar. Seus olinhos curiosos, o jeito como me olhava e segurava meu dedo estão tatuados em meu coração.

Infelizmente, após quatro dias em casa, uma crise de choro me fez levá-la as pressas para o hospital, quando a deitei na maca, foi a ultima vez que a vi com vida. Palavras agora não podem nada dizer, naquela hora, metade de mim morreu também.

Alguém me disse uma frase muito bonita, em homenagem à Ana:

"Quando você nasceu, todos sorriam, e só você chorava, agora, todos choram, e só você sorri." Desconheço o autor da frase, mas a veracidade é tocante.

A dor da saudade que carrego na alma, não tenho sequer palavras pra expressar. O que posso dizer, é que carrego Aninha comigo, em meu coração, e a levarei sempre, aonde quer que eu vá. Mas minha vida, nunca mais terá o mesmo sentindo, pois a chama acesa em meu coração foi abruptamente encharcada. Só Deus pode consolar.

Ana, mamãe te ama e vai te amar pra sempre, espero vê-la em breve, no céu onde você está.

Lyah Turek
Enviado por Lyah Turek em 29/01/2009
Reeditado em 14/06/2009
Código do texto: T1411043