Puro delírio

Aqueles climas de além da imaginação fizeram da minha infância uma sequencia de gritos e momentos exitantes. Além de tornar minha fantasia um pouco mais esquista. Meus medos sempre foram bastantes surrealistas e eu nunca me senti à altura de discutir com eles.

De repente para construir um personagem sou obrigada a abrir a gaveta dos meus medos e tentar desvendá-los.

SOZINHA você PRECISA ter medo: não sei, não posso, não consigo, o medo paraliza.

Acreditei ser uma pessoa tão cheia de medos que durante certo tempo me perguntei como poderia disfarçá-los. A raiva que eu tinha dos meus medos me ajudava.

Sabia que eu iria enfrentar, armas, facas, tiros de verdade, toda guerra é essa, afinal de contas estão no espaço deles, os invasores somos nós.

Eu não podia; tão forte, tentando apenas disfarçar o medo. Impossível, tinha que ir fundo neles para tentar me livrar, mas eu acreditava no mito da coragem. Tento buscar a idéia pelo inverso. Eu sou obrigada a ter medo e obrigada a ser corajosa...

Juntos temos o mesmo medo, o mesmo cançaso e a mesma resistência. Ninguém pode fazer por mim o que eu não possa fazer por alguém.

A barra é pesada para todos e juntos, lado a lado, nos ajudamos mutualmente.

''Me tornei o homem da casa.''

Todos os prazeres, este é ''o maior'', e é só por isso que seguramos todas, de vez em quando acontecem pequenos acidentes. Nosso dia-a-dia é cheio de pequenos e grandes acontecimentos, brigas, agressões, pazes, paixões, saudades, carências, gripes, febres, insolações, loucuras...

Tem sempre alguém em um choro compulsivo, alguém sem dormir há várias noites, muita gente já foi embora, novas tensões, novas explosões.

Parecemos uns loucos, todos, em um alegre e desesperado hospício que construimos neste lugar.

As vezes somos estúpidos, porque estamos com pressa. Somos os donos da luz. É inutil. Toda invasão é sempre uma violência.

A frase da semana é:

''Carência?''

Doida do jeito que sou, pelo prazer eu troco todas. Oasis no deserto, sensação paradisíaca. Meu equilibrio é sempre muito hedonista. Acho que é uma virtude.

Ontém fui até o rio. Deitei em uma pedra grande e fiquei. Me banhando na luz da lua cheia.

Rastro de prata no rio.

Fosforescências.

Mordo gengibre, tomo vodka, fico uivando para a lua.

Super-trans vida de cigano, estamos sempre rodando, permanentemente em viagem na minha cabeça.

Ainda não amanheceu, e eu perdi a noção, nem sei que horas são, nem quem sou, apenas puro delírio...

Não vou me recuperar tão cedo...

Viviangia
Enviado por Viviangia em 08/05/2009
Código do texto: T1583527