Declaração De Amor

Tenho muito me perguntado sobre qual seria a atitude correta a se tomar com relação a esta carta. Hesito em entregá-la, talvez, por medo de uma resposta negativa, tendo, então, de ver minhas últimas esperanças (talvez vãs) se esvaecerem. Porém, como um contraponto, talvez possa finalmente me libertar de um peso enorme, podendo então ver-me livre deste sentimento, por vezes sublime e por inúmeras outras depressivo. Sentimento, este, que tentarei explicar-lhe nas linhas que seguirão.

Antes de qualquer coisa, espero não estar-lhe sendo um estorvo e devo ratificar que você não possui obrigação alguma em ler esta carta que lhe escrevo. Portanto, lhe é direito, caso queira, simplesmente ignorar minhas palavras, fazendo o que achar melhor com essas folhas. Pior do que está nosso relacionamento (se ainda existir algum tipo de relacionamento entre nós) dificilmente ficará.

Começo meu breve desabafo (ou devo dizer declaração?) falando da saudade que sinto de você, de poder ouvir sua voz, ver seu sorriso, ouvir seu tímido e belo riso. Sinto falta de ser seu amigo, de tê-la a meu lado.

Já tentei por diversas vezes esquecê-la. Acreditei ter conseguido êxito em uma de minhas recentes tentativas, porém, de repente, me vi novamente perdido, envolto por este estranho e tão puro sentimento. Inclusive já busquei em outros braços seus abraços e por fim descobri: ninguém é igual é você, com você tudo é diferente, eu te quero para sempre.

Ás vezes me guardo no silêncio, na solidão e fico imaginando nos meus erros, nas palavras que devia ter lhe dito mas que ficaram engasgadas em minha garganta por uma estúpida timidez. Queria poder voltar no tempo, corrigir meus erros, fazer meu melhor para ainda tê-la ao meu lado, em meus braços, ser seu amado.

Recordo-me de um dia que sonhei com você, pouco depois de nosso último adeus. Chovia fortemente e eu corria incessantemente em sua busca, até chegar em frente a um shopping onde encontreri você, com outro. Parei em sua frente, olhei profundamente seus olhos e a disse "Te amo! Volta para mim!", então você falou que também me amava e nos abraçamos e beijamos apaixonadamente debaixo da chuva. O mais dificil foi despertar deste doce sonho, que, por instantes, pareceu-me tão real, mas logo a lucidez voltou e percebi que realmente havia te perdido, para minha profunda tristeza. Você não imagina o quão dolorido é ter de todo dia acordar sabendo que não ganharei seus beijos, seus abraços, seu amor, devido à minha ignorância.

O mais insuportável, entretanto, é não conseguir tirá-la de minha cabeça, de meus pensamentos em momento algum. Você talvez não acredite, mas as ingênuas brincadeiras que eu fazia (sobre sermos namorados) não eram nada mais do que meus profundos desejos, ou seja, já a amava há tempos. Desde a primeira vez que te vi a achei o ser mais belo do mundo, a criatura mais doce e perfeita já criada por Deus (digo criatura pois, em meu ver, você não é uma humana mas sim uma deusa). A via como um sonho impossível de se realizar, porém, ao conquistá-la, acreditei que seria para sempre, sem saber que o para sempre sempre acaba.

Devo ter relido esta carta centenas de vezes, em busca de fazê-la ficar o mais próximo possível da perfeição, porém simplesmente não consigo deixá-la bela o suficiente, fazer minhas palavras demonstrarem a devida proporção do tamanho e da beleza do que sinto por você. Todo casal que eu vejo, seja onde for, fico relembrando de nós dois. Eu simplesmente não consigo, não posso e não quero te esquecer e caso você vá demorar, posso te esperar por toda minha vida.

Não pretendo por meio desta carta implorar-lhe por mais uma chance, muito menos quero incomodar-lhe fazendo-lhe ficar com algum tipo de remorso pelo que EU sinto. Como já escrevi, eu não quero esquecê-la e sei que a grande maioria dos erros por não termos dado certo foram culpa minha. Meu objetivo através deste é mostrar-lhe o quanto te amo e agradecer-lhe pelos momentos de imensurável alegria que você me proporcionou.

Desejo-lhe, por fim, metade da alegria do mundo, pois a outra metade está comigo por ter tido o prazer de ter te conhecido.

Apaixonadamente,

Rodolfo