A prudência das incertezas de nossas escolhas...

Minha Querida,

Nestas linhas que lhe dedico, não espero apenas expor de forma canhestra uma das continuações daquelas pueris cartas de minha juventude de outrora e que tão vivazmente você trouxeste à minha lembrança...

Espero e, sobretudo, aspiro ratificar nesta oportunidade, uma síntese de nossas últimas semanas e dos acontecimentos que suscitaram estas letras.

Assim, antes de tudo, estas linhas cumprem a empresa de serem oferecidas em holocausto na abnegação de minha sinceridade quanto ao que espero do futuro; baseado, primordialmente, na prudência das incertezas de nossas escolhas daqui em diante.

Ademais, realmente tens razão quanto ao fato de que as letras cumprem bem mais eficazmente o papel de dirimir as dúvidas e interpretações equivocadas sobre nossos tão imperfeitos sentimentos humanos. Você já sabe as minhas opiniões quanto ao ato solitário de velá-las sobre o pretexto do véu da assertiva correta em questões que pessoalmente e, pela natureza humana em si, não seriam colocadas demasiadamente ordenadas.

Dessa forma, espero que entenda que as palavras que pairam nestas linhas são o retrato mais fiel e desapegado de meus intentos em relação a você e a nós dois.

Confesso, e tenho muito orgulho em confessar isto: que nestas duas últimas semanas, tenho sido muito recompensado com sua presença. Há muito não intentava escrever e abrir o pombal destas letras aladas sobre os sentimentos que são o ideal de nossa felicidade.

Idealizo, pois, nestas letras, rasgar também o véu das incertezas que a nossa tão famigerada prudência traz cingida de nossas experiências passadas.

Em absoluto vislumbro a leviandade ou a irresponsabilidade sobre nossas indecisões. Quero e anseio, antes de tudo, delegar à ordem desta profusão de sentimentos que, reciprocamente aspiramos; um enredo do que procuro deixar em minha história.

Portanto, ratifico minhas aspirações em relação a você e a esta propalada prudência que se nutre das expectativas sobre o amanhã e o ideal de nossas ações.

Ser prudente, em vista disso e de minhas convicções, não é apenas retesar os sentimentos como uma idiossincrasia alheia a nós dois. Ser prudente é despir-se do estoicismo do contato, é o fomentar da troca de olhares, o instigar do benquerer, do imaginar lugares, paisagens, gostos; enfim; redescobrir a cada dia uma razão diferente de pensar e sentir tua presença.

Esta é a serenidade de espírito que a prudência almeja. Não é olhar medroso e circunspecto que se avoluma diante do abismo de nossas escolhas. Não é o desistir perante os percalços da vida...

A prudência que almejo é a aliada de meu porvir. É a reciprocidade clarificada no dia-a-dia de nossas escolhas pessoais. É a minha resposta nos desafios cotidianos que se prestarão em tormenta e nos desânimos do cansaço que surgirão em nossa imperfeita humanidade.

Quero ter sempre esta prudência em relação a nós dois, conjugando, acima de tudo, o ideal de felicidade que buscamos para nosso legado e nossas futuras decisões. Quero ter sempre a mansuetude de ações em nossos objetivos; em construir uma história repleta de realizações em todos os seus aspectos. Para isso, no entanto, não há uma fórmula definitiva: apenas o ensejo puro e sincero destas linhas e minhas ações em relação a nós dois.

Um beijo enorme e todo especial.

Ad majora natus