DIÁRIO DE UM BEBÊ I

Meus pais desejavam ardentemente a minha vinda. Cada mês que se passava, a angústia deles aumentava quando esperavam que, finalmente, eu desse um sinal de fumaça e ficavam tristes quando percebiam que não passava de mais uma “pegadinha”.

Minha mãe se abriu para a maternidade e, para algum ponto do Universo, direcionou o seguinte pensamento: “Meu filho, você é que escolherá a hora. Saiba que estou pronta para recebê-lo quando você quiser fazer parte da minha vida”. Mal sabia ela que eu, como um ser de luz, ouvia-a atentamente e já me preparava para vir. Foi justamente quando eles “desencanaram” e pararam com a obsessão constante, entregando nas mãos de Deus, o divino Criador, que eu decidi que já era a hora de acabar com a longa espera. Fui concebido através do amor de meus pais, que desde que souberam da minha pequena existência, já me amaram desde o princípio.

Sei que peguei a todos de surpresa. Bem, nem tanto assim, pois eles continuavam tentando. Mamãe já pensava que havia algum problema com ela e papai também, inclusive sei que ambos se preparavam para exames clínicos para verificar a fertilidade. E eu sou prova de que não há problema algum. Quando passados três dias da ausência das regras de mamãe, ela decidiu fazer um teste de farmácia por ‘desencargo de consciência’. E adivinhem: eu já estava lá! Depois, foi o teste de laboratório que confirmou a suspeita. Divididos entre a alegria, emoção e preocupação em me receber bem, papai e mamãe – que são marinheiros de primeira viagem – já começaram a procurar outro lugar maior para me oferecerem um mínimo de conforto.

Papai me chamava de “feijãozinho”, por causa da minha forma inicial durante o processo de desenvolvimento embrionário. Agora, ao completar um mês de gestação, ele me chama de “peixinho”. O corpo de mamãe já começa a dar mostras da minha intervenção e ela tem repousado porque se preocupa com umas cólicas que sente. Tudo para me cuidar. E eu já andei dando um trabalho ao papai, pois minha mãe ficou com desejos e ele teve que correr atrás para não deixar-nos com vontade. Acreditam que eu quis torresmo e abacaxi? Mamãe odeia torresmo e abacaxi, mesmo assim comeu o que papai trouxe.

O primeiro presentinho que recebi foi um travesseirinho, uma chupeta e uns sabonetinhos especiais para bebê. Foi Tia Deise e prima Gabi que me deram. Como ainda não se sabe se sou menina ou menino, as pessoas me chamam de baby. Por mim, tudo bem. O que importa de verdade é que todos estão felizes com minha futura chegada. E eu, mais ainda, pois de todos os meus companheiros, eu fui o mais forte e persistente na corrida pela vida!

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 20/09/2009
Código do texto: T1821073
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