CARTA À INSPIRAÇÃO

Cara inspiração,

Como estás?

Espero que estejas bem, que estejas muito ocupada fazendo companhia para muitos poetas que sem a sua presença não vivem.

Quanto a mim, por aqui vou indo com minha cruz e minhas crises, dividida entre alegrias e tristezas, ascensões e decepções, mas estou sobrevivendo sem ti e isso só vem me confirmar a certeza que já tinha de que não era mesmo Poeta. E por ter esta certeza, é que ficava tão feliz com a tua presença, pela tua insistência em querer me fazer poeta, e acho que pela tua tão assídua presença é que conseguia escrever meus poemetos. Juro que ás vezes até sonhei e acreditei que poderia ser realmente poeta. Ainda não descarto a possibilidade de continuar a escrever e de continuar tendo este lindo sonho.

Depois de tantos dias que me deixastes, hoje tive um relance de tua presença. Será que ainda há chance pra gente, que nossa parceria ainda está de pé? Será que vai voltar e ainda continuaremos com nossa prosa poética? Que nossa comunicação ainda é possível?

Quando percebi tua ausência, pensei comigo mesma que era melhor assim, que te ocupava demais com meus textos tolos, não me preocupei e por algum tempo nem senti tua falta. Mas hoje me dei conta que antes sofria menos por tudo, pois os meus textos, ainda que nada sejam de espetacular, calavam minhas dores, minhas saudades, manifestava todas as minhas emoções e tudo parecia ficar mais fácil. Agora pareço sufocada pelos meus sentimentos, a saudade parece mais dolorida e a expressão de minhas alegrias se calam...

Não sei o que há, mas algum mistério há nesta necessidade que tenho de escrever, de me expressar através das palavras, neste desejo de me tornar poeta. Mas a verdade é que nada posso fazer sem ti minha amiga, minha literalmente inspiração... Mas também não sei bem porque te escrevo esta carta, já que a preguiça anda demarcando território, talvez porque meu intimo me obrigue, pois escrever traz liberdade, alça vôos mais altos, torna os sonhos mais possíveis e também porque mesmo com a tua ausência ainda consigo perceber e admirar os nasceres e pores do sol, a beleza da lua, o desabrochar das flores e o canto dos pássaros ao amanhecer também não me passam despercebidos, e uma cena que há muito tem me chamado à atenção e que não se aquieta: passar pelas casas e vê as famílias reunidas ao anoitecer, todo mundo em casa voltando das obrigações cotidianas; uma sensação de nostalgia e felicidade toma conta de mim, e por nada ter escrito sobre, não consigo tirá-la da cabeça. Por algumas vezes já tentei escrever algo, mas a conexão contigo cai e nada sai, a poesia fica só no meu intimo.

Esta é uma confissão que te faço e uma prova do quanto preciso que voltes para minha vida. Sei que podes pensar que tem pessoas mais importantes com quem conviver, que mais necessitam de ti... Confesso que ás vezes faço pouco caso de ti, que traz até mim uma linda poesia e eu preguiçosamente não tiro o meu tempo para torná-la real, por isso te peço perdão, talvez seja por que não sou realmente profissional, só escrevo por diversão, porém tenho necessidade de escrever e da tua presença.

Tinha esquecido de como a tua companhia me fazia bem, como era bom dispor as palavras e vê-las tomando vida, ir construindo cenas, revivendo momentos, alimentando sentimentos... Agora que não estás aqui, tenho realmente me sentindo vazia.

Bom, apesar desta longa carta e da lamentação, deixo-te a vontade para que decidas se voltas ou não, pois como já falei posso viver sem ti, ainda que a vida seja mais monótona.Então não vou apelar e nem forçar a tua volta, só quero que saibas que se tiver a tua presença novamente de tudo farei para tornar a tua presença ao meu lado proveitosa. Agora tenho que parar, pois as palavras já começam a se confundir na cabeça, a conexão parece que vai cair...

Beijo-te a face e aguardo tua decisão.

Saudosamente fico por aqui.

Virginia Santana
Enviado por Virginia Santana em 21/09/2009
Código do texto: T1822965
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