Te amo muito, querido.

Enviado por alguém que amo muito, este escrito de NEIL GAIMAN.

"Você já amou ? Horrível, não ?

Você fica tão vulnerável. O peito se abre e o coração também. Desse jeito qualquer um pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura durante anos, para que nada possa causar mal. Aí, uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outra, entra em sua vida idiota.

Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Um dia, faz alguma coisa boba como beijar você ou sorrir. E, de repente, sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns.Ele entra em você. Devora tudo o que é seu e te deixa chorando no escuro.

Por isso, uma frase simples como `talvez a gente devesse ser apenas amigos`vira estilhaços de vidro rasgando seu coração. Dói. Não só na imaginação ou na mente. É uma dor na alma, no corpo, uma verdadeira dor que entra em você e destroça por dentro. Nada deveria ser assim. Principalmente o amor"

Maceió, setembro de 2009. Primavera.

Meu querido, recebi seu recado, a propósito de que você me manda isso? Foi como um espelho cristalino, tão belo e frágil, mas tão cheio de arestas!

Só você mesmo! Fica me provocando respostas que nem deveria dar.

Você sabe que Neil Gaiman tem razão. Só que ele esqueceu de dizer que a pessoa idiota entra na nossa vida por sermos nós mesmos idiotas, é a gente que acredita, meu amor, nessa conversa. É a gente que precisa tanto acreditar nessa imbecilidade.

Eu sei disso, amor, você também sabe.

Você foi idiota, eu também fui, ambos fomos, cada um a seu tempo, mais de uma vez.

Gaiman também esqueceu de dizer que a possibilidade de ser idiota de novo é presente, patente e real.

É realmente uma pena, meu amor, que você tenha 30 e poucos e eu 40 e muitos, a gente bem podia envelhecer junto, ambos sentados em cadeiras de balanço, não nos amando, mas filosofando na porta do botequim que abriríamos, só para ver os idiotas, como fomos um dia, amando e sofrendo, quebrando a cara e revivendo, felizes, quando um novo amor surgisse.

Não sei se a gente ia se divertir, mas certamente estaríamos vingados. Não seríamos apenas nós os idiotas, mas as novas gerações.

Eu te amo, muito e sei que você me ama, um tipo de amor seguro,

impossível de nos fazer mal.

Eu falo uma língua estranha, mas você compreende. Não nos fazemos mais que críticas ácidas e longas ausências e por isso esse amor sobrevive. Você já me viu ser idiota e eu já te vi fazendo isso, mas nunca fomos idiotas juntos e isso nos poupa do vexame da pena e da vingança.

Você pode estar seguro do meu amor por você, porque eu não preciso prová-lo e eu estou segura do seu pelo mesmo motivo.

Eu te amo muito, muito mesmo e as vezes só você pode me dizer se o mundo não vai acabar amanhã e eu entendo o que você quer dizer quando manda uma música nada a ver para mim. A gente não se sabe, a gente se pressente e isso é um degrau a mais na estrada do entendimento.

Um dia a gente há de rir muito de nossas paralelas idiotices, mas já será tarde.

Te amo muito, querido. Muito mesmo e sei que você também me ama, mas graças a vida, jamais fomos idiotas juntos.

Beijos serenos, desbeijados, daqueles teus que me deixam louca.