Para uma menina tão só...
Ela dormia, branca e só como a lua.
O silencio dominava o ar, suspenso na aragem. Tão doce, as mãos delicadas... Tão vazias...
O hálito não mais quente que o rosto úmido, já quase seco de prantos e soluços. Agora descansa, o peito outrora apertado, agora sereno.
A face marmorizada e o olhar pequeno.
Surge uma paz tão calma, um silêncio tão longo, o vento tão falto lhe acaricia o rosto.
E já não está só. Tem a ternura do próprio sono, o abraço do ar cálido, a segurança do lençol branco e os olhares de cuidado do escuro.
E quando a lua sumir e o sol que é gigante voltar e a chuva que vinha não vir e os pássaros ainda presos cantar, então, o olhar pequeno vai se abrir, a face que outrora molhada se secar, então ela vai querer partir.
E só então vai descobrir que o silêncio e o escuro são os doces companheiros de quem nunca irá abrir as assas... E voar...
30.06.09