Despedida

Despedida

Estou escrevendo num momento em que me encontro angustiado e a me perguntar por que razão ainda vivo?

Espero está longe quando estiverem a ler o que vos escrevo. Espero que entendam o porquê desta carta.

Juro que tentei mudar. Mais não consegui. Não adiantou, levo comigo meus pertences, principalmente o meu paletó. Pode ser que lá eu sinta frio, e como vou me aquecer. Levo também umas folhas em branco e uma caneta, claro que vou sentir desejos de escrever.

Quem sabe amanhã ou depois vocês superem essa rasteira, é só dar um tempo, pra esquecerem. Pisei na bola, fiquei ensandecido, mas puxa vida! Perdoem-me!

Quem nunca errou na vida? É mais eu já venho errando faz tempo, esta na hora de sair de cena. O tempo vai passando, e à medida que amadurecemos vamos nos tornando mais exigentes, intolerante com nós mesmos.

Penso em desistir. Minhas forças estão se esgotando. A minha fé, já não está tão firme, apego-me, mas não tenho resultados. Nestes últimos dias, peguei-me a pensar no que já tinha vivido, e nestes últimos dias minha angústia se tornou maior quando descobrir que já não contava como o amor que julgava pleno.

Levarei pouca coisa.

Levarei... Um sorriso incontido, um sorriso que durou um minuto, durante um minuto, estive no Paraíso. Deus, na sua grandeza me presenteou com um minuto de luz para o meu espírito.

Levarei... Aquele abraço sincero, dado com emoção. Mais antes e ir não posso deixar de pedir... me da um abraço de presente.

Levarei também... Aquele olhar... Ah aquele olhar, perdido ao longe, se o olhar fala... Hum!!! Acho que ele fala... Sem meias palavras. E também sem palavras inteiras. Grande desafio é interpretá-lo, decifrá-lo.

Ei mãe... olha pra mim, deixa me contar tudo pra você agora, todas as minhas alegrias, todos os meus medos.

Ei mãe... olha pra mim, já não sou mais aquele garotinho, já não sou mais aquele menino bobo, olha... ainda continuo sendo seu filho.

Ei mãe... reza por mim. Ei mãe, eu disse que ti amo, se não, fique sabendo que ti amo muito.

Ínsitos em gritar pra você me ouvir, inesquecíveis lembranças, tempos de crianças, todos os sonhos possíveis, esperanças... Meus queridos irmão, nada que eu escreva poderá transmitir o que quero te dizer, mais tenha certeza que amo vocês.

Vai coração, dei-me seu ultimo pulsar e leve esse sangue pelo meu corpo ate as minhas pernas, para que eu lembre o quanto elas já correram. Pelos meus braços pra, lembrar tantos abraços. Pelos meus olhos, para rever a quem amei. Pelo o meu cérebro, para que eu entenda que quem te fez isso fui eu.

Fábio R.A.R.M. de Camargo

Data Dezembro 2000inove