Carta de Natal ao Leitor

Caro leitor, me responda. Que é o natal? Natal não é Jesus? O retorno ao Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum - Jesus de Nazaré o Rei dos Judeus? Não seria o Natal o nascimento de Cristo em nós? Um momento para refletirmos as nossas ações para com o outro?

Não seria o Natal sinônimo de amor? Um momento para irmos ao encontro do outro? Uma ocasião para pedirmos perdão, reconhecer nossos erros, banhar nossa alma com ações de benevolência, altruísmo, solidariedade, amizade?

Não seria o Natal um momento para irmos ao encontro do outro e promover um diálogo, uma conversa ou um simples estar juntos, ainda que em silêncio? Um momento para abraçarmos a pessoa amada, segurá-la nos braços e sem dizer palavras, dizer que a amamos?

Não seria o Natal um momento de doação? Um momento para oferecer nossa atenção, nosso afeto, nosso tempo? Não seria o Natal um resgate do amor de Cristo em nós? Nós, humanos, que vulgarizamos o verdadeiro sentido do amor. E ao fazermos isso banalizamos a verdadeira constituição do Natal?

Porque Jesus, o pregado na cruz, está crucificado e morto até hoje, esquecemos o Messias na cruz, e ao invés de trazê-lo para o nosso lar, para o ceio da nossa família, trazemos coisas, objetos, deixamos a mesa farta, mais para uma contemplação estética do que para consumo. Nessa inumana inversão de valores perdemos a essência do Natal. Já não sabemos como resgatar o Messias. Por isso, desconhecemos o verdadeiro significado do amor. O amor que nasceu e morreu com Cristo para nos salvar, mas que está presente no ciclo da vida.

Que neste Natal possamos encontar um tempo para amar. O valioso tempo que não temos mais, o tempo que foi promessa não cumprida do sistema capitalista globalizado. Que neste Natal possamos ter mais contato humano. O escasso contato humano já que muitos humanos estão robotizados. Que neste Natal possamos viver a simplicidade. A preciosa simplicidade que foi substituída pela sofisticação.

Que neste Natal possamos ser mais tolerantes. A rara tolerância para aceitarmos as diferenças e limitações do outro. Que neste Natal possamos olhar para o outro sem buscar a nós mesmos. Que nosso olhar seja altruísta. Aquele altruísmo que hoje foi substituído pelo egoísmo.

Que neste Natal, longe de todo excesso, todo materialismo, longe de todo interesse, todo poder, longe de toda corrupção, longe de toda inveja, maldade... Que possamos lembrar-nos Daquele-que-Salva.

Que possamos, reunidos em família - exercitando o tempo ocioso, através do contato humano: beijando e abraçando nossos irmãos, pais, filhos, sobrinhos, avós, amigos e cônjuges; existindo na simplicidade da vida, simplesmente amando, simplesmente condescendendo, simplesmente sendo o que se é - vivenciar o verdadeiro sentido do Natal. Que neste Natal a Paz do nosso Senhor Jesus Cristo reine em nossos corações.

Silvia Santana
Enviado por Silvia Santana em 16/12/2009
Código do texto: T1981165
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