Solidão ao cair da noite

Meu amado,

O sol de hoje deixou um rastro de tristeza na luz de meus olhos. É que chegara ao nascer dele, a lembrança do calor de teus beijos dentro de mim; e julguei ao ver o sol dormir, serem teus lábios dizendo-me adeus...

Então, crepitou dentro de minh’alma uma vontade de estar contigo embriagando-me os pensamentos e estes davam mergulhos na luz de meu coração! E me vi novamente com meu corpo colado ao teu, amando-te na noite...

Há, desde o pano de fundo do céu até a cor negra de meus olhos, luzes brilhando na noite em que te escrevo. Vem-me uma sensação de rubor nas faces; de uma boca selada à minha e, chego a ouvir meu nome num suspiro das estrelas! Então, fico com os olhos afogueados pedindo que venhas me ver! Chego a sentir o gostinho de teu beijo tanto é meu desejo por ti!

Corre agora um vento fresco vindo das palmeiras. Lembro-me de nós conversando agarradinhos, segredando carinhos, palpitando de anseios a cada caminhar de nossas mãos em nosso corpo. Todos os sonhos que viajam por minha mente neste instante, dançam em minha pele que se arrepia (e não é do vento)... E minha epiderme sente-se viva chamando-te para uma noite de amor.

Sou neste momento uma presença morena iluminada pela lua. Meus olhos têm o brilho de uma gata no escuro. Uma tormenta me vem ao corpo mensageiro de minhas vontades. Em meu ventre, um almejar de afagos desfolha-me o âmago querendo que eu seja hoje, mais uma vez, a dama de teus olhos e tua mulher diante do amor.

Estou te escrevendo como se pudesse acalmar meu corpo e meu coração. Sou parte da noite anunciando a solidão do sol. Trocam-se estrelas de lugar; viaja a lua por novas nuvens e fico aqui olhando os astros numa melancolia que me puxa o coração para o vazio. No silêncio, só meus pensamentos movendo-se com a lembrança de tua imagem.

Lá para as bandas do nascente rasga um trovão. É a noite chamando a vida que se renova sempre depois do pranto das nuvens. Talvez chova mais tarde e eu sinta ainda mais frio em meu corpo. E eu não encontro outra forma de sentir tua presença a me aquecer: preciso pôr nas palavras a tortura lírica de meu ser. Estou em transe poético! E como não gritar teu nome diante dessa tortura por teus carinhos?

Acredito que me amas. Assim, naufrago meus olhos na noite, enquanto aguardo ser salva por teus beijos!

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 23/12/2009
Reeditado em 23/12/2009
Código do texto: T1993097
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