NAS DOBRAS DO TEMPO
 
Imaruí, SC, 05 de janeiro de 2010
 
Querida Cléa,
 
Nem bem começou o ano novo e já estou me dispondo a te escrever essa mal chamada cartinha, para saber de ti e te dizer das minhas loucas saudades.
Confesso que ainda não me esqueci do teu sorriso e das tuas mãos que muito me acariciaram. As tuas mãos sempre foram para mim um ninho de ternuras. Às vezes, transpassado pela dor da saudade, submeto-me ao delírio de ver o teu sorriso bailando no espaço ao meu redor, pois eu te confesso com desmesurado prazer que, ainda sinto o toque das tuas mãos suaves e boas.
Tu passaste por mim como uma fada misteriosa, cheia de magia e encantamento, mas quando mal percebi, nós dobramos e nos escondemos no próprio espaço que nos continha. Agora, perdidos nas dobras desse mesmo espaço, sinto que estamos levitando em saudades no vácuo provocado. Eu tenho sempre te enviado o meu grito, mas para a minha infelicidade, eu desconfio até que ele sumiu nas dobras do tempo. É verdade que nem sei o teu endereço, portanto fico prejudicado em te enviar esta cartinha via correio, mas sem grandes problemas eu posso publicá-la na Internet, esperando quem sabe, que por um desses acasos da vida, tu a encontres.
Eu sei que a probabilidade é raríssima de que a encontres numa dessas páginas da Net, talvez seja mais fácil que eu te encontre entre as estrelas, onde realmente seria o teu lugar. Estrelas não andam como nós humanos, elas costumam se postar nas alturas para que as admiremos deslumbrados. Isto porque, a beleza se reflete em nossos olhos, e somente elas representam o que de mais puro a natureza pode nos oferecer.
Acredito que parte de elementos meus estejam ainda se trocando com elementos teus, esse é o fenômeno da não localidade, e assim, eu estou em ti assim como tu também estás sempre em mim. Somos partes integrantes do universo, somos um, é que, entre nós existe uma energia tão sutil com ondas de ligamento não percebidas, mas na verdade, somos compostos pelos mesmos elementos químicos, mas com um fator metafísico (espírito), que nos torna semelhantes, ligados e muito próximos.
As emoções, como as saudades, os anseios e todos os demais quereres não se perdem nas dobras do tempo, de uma maneira ou de outra, estamos sempre em comunhão, muito embora não nos vejamos fisicamente, mas virtualmente nos encontramos nos sonhos. Eu estou dentro de ti e tu estás dentro de mim, portanto estamos ligados para todo o sempre.
Só para te fazer lembrar que, a boneca Barbie, ainda mantém aquele sorriso indizível, acredito que ela ainda deseja ser embalada para dormir no teu colo de madrinha.
 
 
 
 
 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 11/01/2010
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T2023990