O HOMEM DE NOSSAS VIDAS

Meu pai é um sábio. Sim, ele é. Geraldo Rosa da Fonseca. O conheci aos meus dez anos de idade. Eu era louco para conhecê-lo, essa vontade imensa se concretizou e vale a pena a cada instante. Analisando a vida, o encontro do destino explica mais do que os de fora podem julgar. Tudo isso tem um significado na construção de meu ser, só eu sei. Discorrerei um pouco nessa singela homenagem sobre nossa relação pai e filho; aqui, mais filho, porque sou eu que contarei um lado da história.

Ganhei a vida em uma noite única. Sabe: Crescer sem um pai dói, mas ensina muita coisa que a presença não pode calcular. Conhecer e conquistar um pai é motivo de orgulho e felicidade. A ausência me ensinou bastante. Não trocaria um minuto do meu passado. Esses anos fizeram maravilhas por mim, acredite! Eu não tinha uma imagem paterna a quem me espelhar, ouço dizer que pequenino eu seguia meus tios, primos mais velhos e avô para pedir a benção, com isso eu tentava descobrir meu pai. Cresci e ainda garotinho decidi ser eu mesmo a imagem que procurava, idealizei o futuro, sonhei com a família da qual serei pilar, construí bons valores.

Em um episódio marcante eu não tinha para quem dar o porta-retratos, feito por mim no jardim de infância para comemorar o dia dos pais. Inocente, eu não sabia que o mais certo seria homenagear minha mãe; mostrei a ela o presente, perguntei a quem entregar. Meu avô o recebeu de mim, ele dizia que eu precisava conhecer o homem que me dera a vida.

Você sabe: a dor ensina. Agradeço por isso, de verdade, de coração. Aprendi a lidar com o mundo, ao menos com o meu. Sei que meu pai tem uma sensibilidade nobre, que o permite entender perfeitamente o que digo. Ele me ensina muita coisa, sua delicadeza de pensar, me faz crer que tenho mesmo um tanto de sua genética, e tenho! Convivemos muito bem, o adoro e bem estimo. Com o passar do tempo complementou-se minhas idéias de criança, hoje sim, aprendo com meu pai, a como ser um bom pai, porque ele é!

Eis que meu sonho de menino aconteceu: como seria ter um pai? E ele estava ali, andando comigo pelos quarteirões do bairro, por todo o caminho - o melhor de tudo: sua companhia, suas palavras, filosofias, seu jeito de olhar a vida. Passei perfeitos finais de semana em sua casa, inesquecíveis férias... Ganhei mais irmãos, tive passeios fantásticos: pescarias, voltas de kombi no percurso das entregas do supermercado, primeiras aulas de direção. Pude ir a festas da cidade, onde todos conhecem meu pai pelo decente ser humano que é. Estive em festas de uma nova família, fomos a pizzarias, trailers-lanchonete, restaurantes; transitamos com a família pelos carnavais de rua, aproveitamos praia, enfim... Um montão de passagens marcantes. Eu amo esse cara, acho que nunca disse isso a ele: Te amo pai!

Ele é mesmo um bom exemplo. Homem honesto, autêntico, verdadeiro. Nossa história atravessa consideráveis fases: antes e depois de nos conhecermos, antes e depois do casamento dele, passando e existindo por toda a digna linha tênue de sua jornada empresarial. Sou fã da luta deste admirável que tem muita garra, persistência, perseverança, humildade, respeito e variadas virtudes reunidas em si.

Gosto de estar ao lado dele, da sua criatividade de pai. Que pai convidaria um filho num dia de semana para ir de ônibus coletivo para a cidade vizinha? Eu fui, ele estava a trabalho, mas pelo caminho eu sabia que nossas conversas fariam jus a cada segundo do percurso. Já grande, aos vinte e três anos fui brincar no parque com meus irmãos. Meu pai é assim, surpreendente. Seu legado é um a filosofia em meu existir, o estimo, tenho orgulho de ser seu filho e agradeço a Deus por esse encontro, pelo privilégio de ser filho único de pais tão especiais. Minha história é mesmo bonita. Sou muito feliz por tudo!