A DOR DO EXÍLIO
 
Imaruí, SC, 28 de fevereiro de 2010
 
Em nome do nosso amor,
 
Sempre sonhada “deusa”.
 
Na verdade, eu me sinto exilado dentro da minha própria pátria, mas também devo afirmar que sem o teu amor, eu me sinto exilado dentro de mim mesmo. E, nesse estado de espírito, somente me é dado o direito de visitar os escaninhos silenciosos desse estado sombrio que se chama solidão.Os pássaros que me rodeiam nesse úmido e escuro bosque, o bosque da saudade, cantam por uma influência toda minha, doídas tessituras que cortam o coração. Em cada gorjeio triste, modulam com natural maestria, as dores de uma saudade que acabam me consumindo por dentro. Estou assim passando pelo tempo e os dias se sucedem numa monotonia sempre igual, e que se divertem em me torturar com a tua lembrança que desfila graciosamente no palco da minha mente.
Às vezes, eu sou transportado pelas asas da esperança e, nesse vôo quase demente, sou arrebatado para o alto das montanhas, de onde diviso a tua casa, identificada, é claro, pela chaminé que expele uma fumaça parecida com a névoa, que, em bailados contorcidos pelos ventos, acabam por se misturar com as nuvens e ganham distância diante dos meus olhos. Nada pode substituir esse amor que transfixa o meu coração, pois seria quase desumano afirmar que poderia viver sem esse amor. É verdade que estou te escrevendo bem ao gosto do teu estilo, mas também te advirto que, o coração amante não conhece literatura e nem tão pouco estilos literários, digo coração por uma questão de afetividade, mas na verdade é a minha alma que clama por ti.
Hoje, eu me detive diante desse amor e te escrevi uma mensagem,e humildemente deixei que a minha alma falasse com toda a sinceridade nesta mensagem que já deve ser de teu conhecimento. Desmesuradamente, tu estás em mim com toda a força desse sentimento incontrolável, pois o entranhamento de nossas almas é tão grande, quase infinito, que não consigo mais deter o seu crescimento e os seus benéficos efeitos.
Entretanto, eu apenas gostaria de te dizer que, o meu amor por ti é verdadeiro, único e indissolúvel. Confesso que tu és a grande culpada pela dimensão desse inamovível querer, pois soubeste com muita propriedade alimentá-lo com o fogo abrasador dos teus indizíveis carinhos. Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós. (Antoine de Saint-Exupery)
Nutrido pelas asas da esperança, eu espero convicto o teu retorno, para que possamos viver em paz os dias que estão por vir.
Beijos.
 
 
Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 22/02/2010
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T2101885