renascença

quero que aquela velha daninha

seque, caia, morra... renasça

quero que você seja assim

importante, rara, única, paz

quero também que eu seja

entregue contente, descente

encandescente

quero me impressionar contigo

comigo, conosco

quero alegria que dá gosto

quero a fé que temo ter perdido

quero a prece que não ouço

quero lágrima no rosto

quero emoção, sensação de queda

pra saber que o sol se levanta

toda manhã

quero o som da mordida da maçã

o rosto de pele fina, a pureza divina

o que desejo ter pra mim

mas que não tenho em mim

é o que conflita aqui

contentar pelo amor da outra metade

ou contrastar com a triste verdade

dessa metade que há em mim

dessa que nasceu e carrego no umbigo

e a que me deu abrigo

pode um dia destelhar

com o vento que sopra

da ponta da praia

da parte escura e vazia

do velho cais

do navio afundado

quero ver o sol nascer

a flor florir

quero a ingenuidade que se perdeu

que se afundou naquele velho e

romântico navio