Navegando

Com a poesia tenho o leme da minha embarcação nas mãos, sou dona do meu barco e do meu destino... 
Viajante de mim mesma, sou mar aberto e velejo à procura de serenidade e harmonia, deixo aflorar os sentimentos e salpico pensamentos pelo ar... Dou asas à imaginação...
Sou água azul-esverdeada sob o céu azul e sol que aquece minha pele; paragem atemporal sob o manto estrelado e aos raios da lua deixo minhas emoções valsarem ao sabor das ondas espumantes.
Vou navegando... 
A solidão, que ora é minha conselheira, ajuda-me a ser conhecedora do meu eu e a entender o porquê das variantes dos momentos, estou aprendendo a me conhecer, e a lidar com a realidade.
Enquanto isto em minhas fantasias, como num passe de mágica, posso transformar com palavras silenciosas a guerra em paz, o desamor em amor e a tristeza em alegria... Sou livre!
Muitas em uma só...Só, em muitas....
Sou senhora e escrava, sou mulher que abriga outra vida em seu ventre, sou criança marota que corre e brinca; sou revestida de sabedoria e a vivência marcou, em minha face e no meu corpo o desgaste da matéria finita... Sou anciã... Aqui o tempo corre a meu contento, pois minh'alma é infinita e conhecedora da finitude humana.
Sou o silêncio que fala e a voz que cala, sou refúgio para os aflitos e coragem para os descrentes.
Sou o amor que supera todas as barreiras e a felicidade é minha eterna companheira; sou ponte onde se cruza fronteiras proibidas e estação onde o trem nunca está de partida.
Sou pássaro que voa na imensidão e ao amanhecer pousa em galhos floridos e agradece a liberdade, em cânticos melodiosos; sou cisne gracioso que desenha seu balé majestoso em lagos cristalinos... Tudo posso ser, enquanto mergulho em meus sonhos, e nos versos argento sentimentos, sensibilidade e emoção; sou nascente e poente,  estrela cadente que risca o céu; vales, montanhas e riachos que correm por florestas encantadas de jasmins, manacás e violetas.
Sou o som divino do piano e a melodia  maviosa do violino...  Orquestra que entoa o hino da vida.
Sou náufrago de muitos mares à procura do derradeiro porto seguro, onde possa finalmente ancorar.

2006



Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 18/08/2006
Reeditado em 22/10/2009
Código do texto: T219664