Desabafo!

Impressionante! Da mesma maneira que a sua chegada me empolgava, me expandia, hoje a sua estadia me reprime. Sabe aquele olhar que sempre me contava os segredos, hoje me deparo com as costas que negam minha existência. E como dói ver que tudo esta assim, aliás, será que houve o tudo, será que houve ao menos a metade do que tínhamos pra viver?! O que sei é que hoje mesmo encontro o nada, nada de ti, nada de mim, nada de amizade, nada de sentimentos, é na indiferença que você tenta me transportar e é isso que eu não consigo aceitar, posso até entender, mas aceitar já seria demais para um ser que tenta plantar o bem. E foi assim que pensei que você ficaria, bem, não que eu tivesse esse poder, mas ao menos contribuiria para o seu bem, entrando pelo raciocínio lógico, se eu estando por perto, isso te fazia mal, eu estando longe, isso lhe faria bem. Correto?! Também acho, aliás, tenho certeza, quero dizer nem tanta, não que você não esteja bem porque eu estou “ausente”, quanta prepotência, mas acreditava verdadeiramente que você ficaria melhor do que penso que estás. Na essência tua que eu conhecia, não imaginava que eu seria ignorada ao ponto de você fazer com que eu me sentisse uma ninguém, até as partículas contidas no ar podem ser mais notadas do que minha presença no mesmo ambiente em que você se encontra. Então assim, acredito que isso deve ser um esforço pra você, não deve ser fácil ignorar uma pessoa que entrou em sua vida, que participou dos seus sorrisos, lágrimas, fugas, gritos, tudo o quanto pôde ela estava envolvida. Fato é que pensei tanto no que eu poderia fazer pra que você ficasse bem, que não sobraram pensamentos para mim, não lembrei sequer do quanto a saudade é um sentimento que me entristece, e sinto saudade da sua risada, da sua luz, da sua meninice, das suas dúvidas, das suas carências, da sua amizade em desenvolvimento. Estou mal, não tenho como ficar bem com tamanha indiferença vinda de alguém que não perdeu sua importância pra mim, e preciso crer que isso é momentâneo, eu preciso pensar que um dia será despercebido o fato de estarmos numa sala e você não dirigir um mínimo movimento que me faça crer que você sabe da minha existência. Às vezes eu gostaria de me apresentar novamente a você e poder não ser eu, e sim ser quem você precisava que eu fosse, contanto que isso lhe fizesse bem e me fizesse bem também. Ou então eu gostaria de fingir tão bem quanto você, sim eu prefiro crer que estas fingindo, e gostaria de olhar para o meu celular e não ter vontade de te ligar pra falar qualquer besteira do cotidiano, isso claro tendo que lhe reclamar horrores porque você não atende o celular ao menos nas três primeiras tentativas, e você não tem residencial para facilitar a comunicação. Como eu gostaria de me manter natural ao passar num corredor em que estas, e não ficar inquieta quando você chega ao grupo em que estou, como eu gostaria de não temer essa situação, como eu gostaria de saber o que pensas disso tudo, como eu gostaria de receber um e-mail com algum escrito pessoal seu, como eu gostaria de ser coerente com o que falo e o que sinto, quando tento ser forte e digo que ficarei bem, mas no fundo sinaliza um alerta que diz “você não ficará bem, saudades nunca te fizeram bem, e saudade de quem esta vivo, menos ainda, já que enquanto há vida há soluções”. Agora vou partir pra outra estratégia, chegará o tempo e não esta longe em que não nos esbarraremos pelos corredores, não dividiremos a mesma sala, e talvez nem participemos das mesmas reuniões sociais e aí quem sabe eu consiga melhorar, já que não te vendo, te enxergo como um ser impossível. E assim eu pense na amizade que existiu como aquelas amizades de férias, e que tiraram férias sem data de retorno, ou pior sem retorno, pois pediu demissão, por justa causa, não que a causa seja justa pra mim, mas tenho que levar em consideração a sua justiça. O pior é que não consigo me culpar, aprendemos ética esse semestre e agi com você como eu gostaria que agissem comigo, na moral da amizade um dia existente, fui o que gostariam que fossem comigo. Não consigo me achar errada, também não quero dizer com isso que a errada foi você, não quero que repitas que sou a dona da verdade e da razão. Sou a dona de sentimentos que descontrolam minha emoção. Hoje eu estou assim, frágil com essa situação. Mas colocarei minha máscara, você lembra que você disse que eu usava máscaras e o engraçado é que você me disse isso mesmo no período carnavalesco deste ano e o mais engraçado ainda, não brinquei carnaval, logo, não usei máscaras. Mas depois dessa sua idéia eu começo a usar, um dia uso aquela do “estou bem”, outro dia “estou forte”, outro ainda “só ficaram lembranças”, irei em meu ‘closet’ interior e vestirei a que melhor se adequará neste dia, acho que aquela assim, “estou disposta a usar a razão e estudar, ao invés de pensar na minha emoção em decadência”. Não é que penso que estás dissimulando essa indiferença, você deve mesmo estar querendo me ter longe, apagar minha vida (não que você queira me matar fisicamente), mas você escreveu que ficou de luto, a amizade morreu e acredite, eu morri um pouco também. Será que usando as máscaras, também irei dissimular?! Você também disse algo assim, sabe é que foi tudo tão forte que eu recalquei... sobre eu ser dissimulada (me senti em um Reality Show – Big Brother Brasil, era realidade, mas não queria show, nem existia uma irrisória quantia em dinheiro nesse espetáculo, e a grande irmã eu estava perdendo). Preciso acreditar em alguma das tuas afirmações para justificar ao meu ser todo aquele ocorrido que me corroeu, quem sabe assim achando que sou merecedora de tanto mal meu ser não se aquieta, acredite o esforço esta sendo tão grande que me encontro esgotada. Mas lembras da história da Fénix, aquela em que revezávamos e brincávamos que uma tinha que alçar vôo para ajudar a outra?! Pois é, aguardo o momento em que eu possa ressurgir dessas cinzas em que me encontro, detalhe não mais há revezamento. Interessante, não penses que escrevi tudo isso porque estou em crise com meu Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, acredite não é o caso. Enfim, está muito ‘closed’ esse texto e não sei até onde quero ficar perto demais de mais alguém, de quem, de quê, mas perto de mim estou, é o que esta me sustentando.

(24 de Abril de 2010)

Rafhaela de Andrade
Enviado por Rafhaela de Andrade em 24/04/2010
Reeditado em 26/04/2010
Código do texto: T2216851
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