Querido Diário... continuação

Hoje é segunda-feira, 28/09/09, e eu não consigo esquecer os momentos que vivemos juntos. É incrível, mas o tempo todo o meu pensamento vai onde ele está. Imagino que num dia qualquer, numa hora inesperada, ele vai aparecer, e eu vou, de imediato, atendê-lo em seu chamado. Por outro lado, eu sofro porque não consigo pensar nele sem me sentir castigada. É como se o tempo todo ele tivesse me feito mal. Tivemos muitos momentos especiais, mas eu não consigo pensar de outra forma. Deve ser porque estou magoada. Queria que ele estivesse aqui, comigo. E nem sei se pelo menos ele pensa em mim, em algum momento da vida dele.

Acho que sim. Deve pelo menos ter guardado alguma recordação de tudo o que a gente viveu. Eu lembro, sim, de momentos intensos de amor, como em uma vez em que me vestiu a sua camisa, porque eu tremia de frio; as massagens que me fazia com uma toalha de banho, passando-a sobre o meu corpo nu, e exausto, depois que fazíamos amor. De pé, enquanto eu estava deitada, levemente ele fazia arrastar sobre mim a toalha, da cabeça aos pés... Além disso tinha o hábito de abrir porta, servir a bebida, cortar a pizza, limpar minha boca com o guardanapo... Gestos assim o consagraram em minha vida, dando-lhe o direito de deixar em mim uma marca que jamais se apagará: a sua marca.

Se estávamos juntos, manifestava-se sempre preocupado com o meu bem estar. Era muito protetor. E como parte da relação, havia um companheirismo sem igual. O meu ombro era acolhimento para os seus momentos difíceis.

Como eu esqueceria, assim, de repente, um homem maravilhoso desses? Eu não posso, eu não consigo. Sei que essa dor vai passar um dia, e a partir daí, talvez eu possa sentir gratidão por todo o bem que ele me fez.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 27/04/2010
Reeditado em 15/06/2010
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