Querido Diário

Não estou muito bem. Encontrei o “amigo” hoje e entendi que ele não quer mais me fazer mal. É como ele disse: “fazer amor com você é muito bom, mas o que vem depois (a ausência) faz você ficar assim, e eu não quero isso”.

Insiste em me dizer que só esquecendo dele é que eu vou poder encontrar uma pessoa legal, que me faça feliz como eu mereço. Disse que não pode me oferecer nada, e que o melhor para nós dois é a distância, porque se há o encontro, há o envolvimento, e isso se torna um vício, o qual eu chamo de perdição. E, o pior, depois que acaba o nosso momento, a vida continua, mas eu não consigo pensar assim. Vivo todos os dias da minha vida a espera do próximo encontro.

Hoje ele foi me levar em casa. Conversamos pouco. Não queria nem me beijar. Eu o convidei pra entrar em casa, para tomarmos um café, e ele disse "não, melhor não".

Pedi para ele ao menos encostar o carro numa sombra para me dar um beijo. Quase não consegui. Sabe o que é a pessoa se humilhar, pedindo um beijo? Perguntei se tinha deixado de gostar de mim, se não queria mais me beijar, e ele disse que sentia, sim, muita vontade de me beijar, mas não podia fazer isso. Disse que a vida dele já tinha muita confusão e que, também, não seria justo comigo.

Paramos um pouco. Beijou minha mão, propondo-me amizade, e eu disse “Não, eu odeio você!”. Ele disse que não podia me beijar porque, dentro de mim, aquilo me traria dor. E eu disse que o fato de ele existir já me fazia muito mal.

Insisti tanto que a gente acabou se beijando. Não sei descrever o que foi aquele beijo. Mas posso garantir que me fez pior. De olhos fechados, era o que eu mais queria viver; era a melhor sensação que eu podia sentir. O aprisionei em mim, como se aquele beijo fosse o começo, o renascer de um sonho. Mas, em poucos segundos, ao abrir os olhos, vi que na verdade aquele era o fim.

O fim de um desesperado e insano amor, que não tem saída, que não tem futuro, que não pode existir. Na minha cabeça o que me atormenta é o sentimento de rejeição. Fico imaginando que tipo de mulher eu sou, incapaz de conquistar um homem, incapaz de ser feliz.

Ah, diário, como eu sofro!

22/09/09.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 30/04/2010
Reeditado em 15/05/2012
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