SAUDADE DA CANETA DE TINTEIRO E DO AMOR PRIMEIRO
Redigia com caneta tinteiro entre os dedos
Com a mão a pena coordenava.
Cada movimento com traço dourado.
Em palavras ternas mergulhava.
Escrevia a luz de vela
Energia não tinha, outrora...
Lampião ou lamparina luz bela.
Mandava carta que ia e vinha sem demora...
Entregava a carta em mãos
Combinava tudo de coração.
Ou marrava com uma fita na roseira.
E de lá vinha e deixava na laranjeira.
Com as mãos cheias de pedrinhas.
Para avisar quando nova cartinha vinha.
Era muito divertido.
E nós mais do que amigos.
Palavras de amor para lá
Ternura para cá.
Quando a pedrinha caia no chão;
O coração dava pulos de emoção.
Sinto saudade daquele tempo querido
E do primeiro amor correspondido.
Hortência Lopes