Ainda é por você que fecho os olhos

Durante a noite, no silêncio da minha cama e na escuridão do meu quarto, fecho os olhos e penso em ti.

Ainda ouço a tua voz quando me lembro de nossas intermináveis conversas.

Às vezes pergunto-me em que lugar do tempo tudo isso se perdeu.

Tanta coisa! Tanta vida tínhamos juntos...

O tempo passou e em algum lugar da minha memória, inconscientemente, ainda te procuro incansavelmente.

O tempo é sempre o melhor remédio, como dizem, mas ainda não aliviou a minha dor.

Conheci pessoas novas, namorei velhos conhecidos, apaixonei-me por um beijo, “por um olhar, por um gesto de ternura”... Mas ao encostar a cabeça em meu travesseiro os fantasmas da noite vêm para assombrar e, somente nas lembranças que guardo eu consigo encontrar o refúgio mais seguro para abrigar-me.

Não importa o que eu pense, não importa o que eu sinta. Continuarás distante de mim, para sempre!

“Para sempre é muito tempo”, como dizem, mas pelo menos os bons momentos durarão assim. Em cada gesto, em cada palavra, em cada beijo gravado e eternizado em minh’alma ainda consigo encontrá-lo.

Não sei se quero perdê-lo dentro de mim, mas não sei se quero continuar a lembrar e a torturar-me por não tê-lo mais ao meu lado.

Durante a noite, no silêncio da minha cama e na escuridão do meu quarto, fecho os olhos e penso em ti.

Cada vez que sonho, sonho contigo, com teus olhos, com teu sorriso. Cada vez que acordo entristeço-me ao ver que te perdi novamente para o dia que clareou. Cada vez que me deito, entristeço-me ao pensar que mais uma vez te perco para braços que não são os meus.

Mas cada vez que os fantasmas vêm, e eles só vêm durante a noite que é sempre fria, vil e vazia, corro para os refúgios que as lembranças proporcionam-me e sinto-me feliz ao encontrar-te em cada um deles.

Desconfio de que os fantasmas são enviados teus, para que possamos nos encontrar em meio aos devaneios ou delírios extracorporais.

Mesmo assim e mais, justamente por isso, é que ainda fecho os olhos.