A CARTA...
Sonhei que escrevia pra você. Atenta, não deixei escapar nenhum detalhe. O tempo corria; e, eu, escrevia...
O relógio no seu tic-tac paciente e sóbrio, lentamente percorria seus ponteiros, como que permitindo-me o prazer de estar escrevendo o que estava escrevendo. O relógio e o tic-tac. O tic.tac... tic-tac... tic.....tac..........
O cheiro de verde respingado de frio resfriando minha narina, lembrou-me algo que escrevi e tinha cheiro. Cheiro de orvalho misturado à margaridas e ao latido do meu cão.
Abri os olhos. O sol levantou mais cedo que de costume ou será que errei na hora? Busquei a carta...Da carta eu lembrava, mas o conteúdo...ah...o conteúdo? O sonho guardou em sua memória de cego e levou para o subconsciente, que sonolento e indiferente, não consegue me dizer o que estava escrito na carta.
Tic...tac... hora... hora...
No relógio, o sonho da carta perdida em palavras...
Ainda bem que esquentou.
O frio deu um tempo.
Continua ainda no verde o tic-tac da carta.
O céu vai nublando aos poucos, sem se importar se é “vero”. Sem querer saber de “lero”, bolero e o cheiro de mato da carta.
O conteúdo??
Tic Tac.
Rose de Castro
A ‘POETA’