Querido Nan

Acho que esse é o único jeito que tenho de colocar pra fora tudo que sinto com a tua falta. Não sei explicar o que acontece quando acordo a noite e não te sinto perto de mim, quando não sinto teu cheiro, teu abraço, teu beijo. As coisas parecem estranhas quando falo de ti no passado, ou quando falo no presente e as pessoas me corrigem dizendo um “fazia, era, queria..”. Dói saber que uma pessoa que me entendia de todas as formas possíveis e impossíveis foi embora e me deixou aqui sofrendo, com a pior dor que um coração pode aguentar.

Só tu tinha a capacidade de me ouvir nos piores momentos e me dizia “Ô meu amor, não pense assim. Você vai ver como tudo vai se resolver. Você não confia em mim?”. Porque duvidar de alguém que tinha a certeza de tudo? Porque não pensar que seria pra sempre aquele dia em que, a pessoa que eu mais amava e sei que sempre vou amar me dizia que eu era a coisa mais importante que já existiu? Realmente ainda não consigo ver o que eu tenho que fazer pra que essa dor que sempre dá um jeito de mostrar que tá aqui dentro ainda, amenizar. Tento ser forte e não demonstrar pros outros o que tá estampado no meu rosto. Tento não falar tanto de ti de um jeito sentimental, porque sei que se fizer isso vou mostrar um lado frágil que ninguém conhece. Tu sempre dizia que era bom eu desabafar com os outros, mas não consigo fazer isso com ninguém do jeito que fazia contigo. Nunca conseguia deixar escapar uma vírgula de ti, porque sempre que eu olhava pro lado e ficava em silêncio, tu vinhas e perguntava “O que você tem? Por favor, não esconde nada de mim. Você sabe que eu não aguento te ver desse jeito”. O que eu podia fazer quando me olhavas com aquele olhar triste de quem quer ajudar e me ver bem? Não sei mesmo o que eu posso fazer pra conseguir entender o porque de teres ido embora. Não consigo entender como alguém que tem apenas 18 anos consegue sofrer tanto, amar tanto e se importar tanto com alguém como eu fazia contigo. Espero mesmo que um dia eu tenha uma explicação pra tudo isso. Porque nada que me falaram e que me falem hoje vai fazer tapar esse buraco que deixaste dentro de mim. Ainda tenho esperança de um dia enfim, conseguir realizar o grande sonho que tinhas guardado pra mim, que era conseguir gravar um cdzinho só pra ficar ouvindo eu cantar. Como eu pude amar alguém tão bobo que acreditava que um dia eu iria gravar um cd. Que acreditava que tudo que eu fazia era do jeito mais perfeito de todos. Que dizia que nada que os outros fizessem seria melhor que o meu jeito. Realmente tendo entender como Deus pôde me dar tudo isso e quatro anos depois tirar de mim de um jeito tão doloroso. Só eu sei o que eu passei quando ouvi minha mãe dizer “Rosa, o Renan faleceu hoje às 20h”, não sabes a dor que foi ter que aguentar isso e não poder falar nada, não poder fazer nada e nem ter tido a oportunidade de te dar um último abraço, um último beijo e de dizer um último “Eu te amo”. Sei que deveria ter ido ao teu encontro quando sofreste o acidente. Mas eu não aguentaria te ver daquele jeito e depois, quando tu fosse embora, ficar só com aquela imagem na cabeça.

Sinto muita falta daquele moleque que me pentelhava quando eu tava dormindo. Que me enchia o saco quando eu tava tentando prestar atenção num filme. Que quando eu tava lendo me dava uma porrada com um travesseiro.

Tenho medo de não encontrar alguém assim, desse teu jeito de se preocupar comigo, desse teu jeito de querer me fazer rir, de me colocar pra cima, de me deixar sem jeito, de me fazer pegar no sono e de cantar pra mim... Realmente tenho medo de não encontrar. Nada e nem ninguém consegue chegar aos teus pés. Não sei se isso acontece porque eu não quero encontrar alguém que vá fazer eu te “esquecer”, não tenho como dizer como isso vai acontecer, mas tenho certeza que eu nunca vou encontrar alguém com um jeito Renan de ser! Te amo eternamente.

Rosa Araújo
Enviado por Rosa Araújo em 16/07/2010
Código do texto: T2382225
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