Você... Minha arte

Eu te desenho com traços finos. Em folhas em branco que tento preencher. Rascunho-te, apago e rasgo. Depois desamasso ou tento colar os pedaços. Ajeito-te, te beijo. Depois desprezo esse apego. Contorno-te, escureço. Depois te decomponho em um começo. No escuro desenho seus passos. Na luz desenho a alma. Com cores quentes e outras frias. Meu desenho não há técnica , é inspiração, desejo ou suprimento. É condição, limitação é impressão. É cópia original do que sou por dentro. São traços, riscos ou rabisco. Altura, largura, profundidade do amor. Grafite detalhado ou carvão de vida. Você é aquarela de refugio... Um canto, uma música.. Pincel de reação, emoção. Desejo contido. Você é arco-íris. O que só o amor pode fazer. Reproduzo-te, idealizo. Você é minha pintura rupestre. Gravura que abrigo. Caverna que faz-me sonhar. É o telhado oferecido com paredes e tetos ao ar livre. Lugar protegido. Você é o que precede a minha escrita. É o desenho que demonstra o desejo da expressão. Minha escultura. Arte inerente em que coloco a mão. Descoberta do acaso. Pontos, marcas, retas e curvas. Museu da minha humanidade. Você é o que me cabe por dentro. É pintura a sangue, saliva e loucura... Espelho da arte renascentista. Mudança da minha vida. Descoberta do meu mundo. Circunscrito de afago, a festa e amor. Minha cultura. Meu progresso. Expansão contínua. Arte enternecedora. É o que reflete... o que vibra. Meu rótulo, às vezes concordes. O lógico, o moderado, o claro... o escuro. O imaginário. O místico. O romantismo. O que não se encontra e nem o que se escolhe, mas o que se senti. Minha arte viril. Espécie de redoma... Minha relíquia.