Uma única certeza

Sabe quando tudo parece não fazer sentido, nem valer a pena e você decide jogar tudo pro alto de uma vez? Pois é, aconteceu comigo várias vezes. Por muitas vezes chorei por coisas desnecessárias. Por anos não sabia que rumo seguiria, que amigos teria ou como eu mesma seria. Mas sem saber ao certo porque, encontrei alguém que, de um jeito idiota até, me mostraria o verdadeiro significado de uma amizade, de uma cumplicidade e até mesmo de uma irmandade (já que vivem perguntando se somos irmãs).

Com ela, deixei um lado meu transparecer, lado esse que eu mesma não conhecia. Até hoje me assusto com essa capacidade de falar tanta besteira, de passar tanta vergonha e de conseguir escrever pra mesma pessoa quase o tempo todo que eu acabei desenvolvendo depois que a conheci. São coisas que poucos entendem, que poucos dão valor. Mas cada coisinha que eu faço por ela e pra ela, eu sei que de alguma forma vale a pena. Seja uma cara emburrada, um sorriso tímido, um olhar de dar medo. Eu sei que, de algum jeito, é importante. Sei que o dinheiro que gastei com as intermináveis temporadas de prison break, ou com os lanches no shopping ou até mesmo fichas pra jogar rock band valeram a pena. Já pensou ter que lanchar e jogar sozinha? Tá, tá certo que hoje em dia o papai teria uma situação financeira beeem melhor, mas isso é um mero detalhe.

Odeio ter que admitir, mas caso a gente tenha que se separar, eu sei que vou sentir falta. Uma falta que nunca senti por ninguém. Porque, apesar dos pesares, não tem mais ninguém que me entenda tão bem, não tem ninguém que consiga completar minhas merdas e me superar. Não tem alguém a altura pra ser o MEU BEM. Não tem que more perto de casa e mesmo assim raramente me visite (tá a gente ignora o Alexandre), ou que SEMPRE me ligue a cobrar (o Mayco não faz mais isso).

Às vezes paro e tento recordar coisas que aconteceram comigo, e juro que poucas vezes consigo rir tanto, lembrando de situações nas quais ela não esteja. Acho que se eu for parar e fazer um balanço da minha vida, hoje em dia ela anda muito melhor. Sei que não aturo muitas coisas, mas esse é o meu jeito e nunca vou mudar. Mas foi como eu disse um dia desses "eu odeio mas eu amo". Um pouco contraditório, mas é a pura verdade. Odeio o fato de ter que, por muitas vezes, virar a irmã mais velha, a mãe mandona, a amiga chata que diz sempre a verdade na cara mesmo que doa. Tenho ódio de sempre ser aquela que corta o barato, que tem sempre que tentar descobrir o que vai acontecer. Não suporto ser a pessoa que, sei lá porque, vai acabar resolvendo tudo. Mas no final, eu sempre vejo que isso tudo acontece, porque alguém me acha importante, porque alguém quer saber o que eu penso. Alguém confia no que eu falo e acredita que vai ser daquele jeito. Sei que não deveria ser assim, não gosto de ser a pessoa que tem que saber a resposta. Mas, às vezes, saber o caminho que alguém deve seguir é bom e ajudar essa pessoa a levantar e caminhar também. Me sinto outra pessoa quando, por alguns minutos ou até mesmo horas, empresto o meu ombro pra alguém chorar. Quando empresto o meu sorriso pra alguém rir. Ou até mesmo empresto a minha força pra alguém se apoiar.

Não sei se tudo isso é certo. Porque muitos dizem que eu tenho que viver a minha vida. Mas o que seria da minha vida, sem ajudar os outros a viver? Afinal, não é essa a profissão que eu vou seguir? Não é isso que eu vou ter que fazer o resto da minha vida? Não sei como eu seria se aquela pessoa não risse, se aquela pessoa não falasse "pshi meu bem, pshi", se aquela pessoa não ficasse comigo até amanhecer e mesmo assim ir pra aula no outro dia. Realmente a minha felicidade depende da felicidade dela. É errado dizer isso. Muitos me chamam de besta, muitos dizem que eu tenho que abrir os olhos e deixar de lado. Mas se eu fizer mesmo tudo isso, sei que de alguma maneira, to dizendo pra mim que a vida infelizmente acabou!

Rosa Araújo
Enviado por Rosa Araújo em 26/07/2010
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