Vou contar-te uma história...

Há pouco mais de 19 anos, em uma linda cidade no norte de portugal, aos doze dias de um março quase primaveril, nasceu uma menininha prematura, com quase oito meses de gestação. Sua mãe sofreu durante toda a gravidez, pois tinha ficado muito doente devido a sua pressão arterial apresentar valores muito elevados, entre outros problemas.

Nasceu de cesaria, depois de sua mãe ter sofrido uma queda nas escadas de sua casa (7 degraus!). Nasceu tão pequenina e tão fraca que, seus familiares, ao verem-na, disseram: “Tão pequenina... será que vai criar-se?”

Criou-se sim, muito bem e com a Graça de Deus!

Ana Catarina, é o nome dessa bebézinha. Veio ao mundo com 2,5 kg e 46 cm. Era tão fraquinha que nem tinha forças para mamar, não conseguia sugar o leite de sua mãe, nem o leite de mamadeira que as enfermeiras da maternidade do hospital tanto se esforçavam para lhe dar. Mas essa florzinha e sua mãe, tiveram uma força de vontade tão grande, que em poucas horas, conseguiu se alimentar e sobreviver.

Como se não bastasse, contraiu, uma doença no fígado (pois em bebes prematuros o sistema hepático ainda não está completamente desenvolvido e seu fígado ainda não tem a capacidade de processar perfeitamente as proteínas do leite) que deixa a pele muito amarela, chamada icterícia... pobrezinhas... mãe e filha, tanto que sofreram! A bebézinha precisou fazer tratamento de fototerapia em uma estufa especial e era insuportável para aquela mãe ver o seu sofrimento ao debater-se com a apertada máscara de tecido negro que teve que usar, para evitar que os raios do tratamento de fototerapia danificassem sua visão.

Curou depressa! Mas... no dia em que iam sair do hospital, aquela bebézinha contraiu um vírus que lhe provocou uma doença respiratória chamada Bronquiolite.

Pobrezinha... já enfraquecida e ainda com uma doença a nível dos pulmonar, voltou a deixar de se poder alimentar. Seus pulmões e vias respiratórias ficaram tão inflamados que ficou ligada a uma máquina para conseguir respirar. Mas sua mãe nunca perdeu a esperança, nunca deixou de lutar por ela.

Após tratamentos e ter ganho algumas gramas de peso e os médicos as liberaram... enfim, puderam ir para o aconchego de sua casa.

Ana Catarina era tão pequenininha e tão frágil que o pediatra ordenou a sua mãe, que colocasse aquecimento em toda a casa para ela estar sempre quentinha. E mais: que não deixasse ninguém aproximar-se e muito menos beijar a bebézinha, principalmente pessoas idosas, para evitar que alguma doença pudesse ser transmitida através desse gesto, pois ainda era Inverno e muitas pessoas andavam gripadas. Ninguem imagina o que aquela mãe sofreu quando... sua avó, já idosa e tantas outras pessoas da familia queriam beijar a sua menina... como poderia explicar para elas que não deveriam?

Seguindo sempre as recomendações médicas, a pequenina Ana Catarina logo começou a ganhar forças e peso. Em um mês ganhou 1 kg de peso. Em 5 meses, conseguiu crescer e engordar tanto, que o pediatra disse que tinha ultrapassado todos os "percentis", ou seja, os valores normais de peso e estatura para a idade dela.

Mas continuou a ser difícil... aos 2 meses de vida voltou a contrair a mesma doença respiratória e voltou a ficar hospitalizada... Sua progenitora sempre a acompanhou, passava as noites a seu lado, dormindo em uma cadeira, ao lado de sua cama naquele quarto do hospital. Mas, depressa sarou.

Com três meses de vida não queria tomar mais leite, pois a lactose causava-lhe alergia. Sua mãe mais uma vez desesperou! Como alimentar uma bebezinha tão pequenina sem leite? Com a ajuda da avó materna, aprendeu como comer papinha Nestle, frutinha, sopinha...

Muito cedo aprendeu a andar e a falar.

Quando Ana Catarina entrou para a escola, com 6 anos, era uma das meninas mais altas e desenvolvidas da turma. Ninguém diria que aquela menina tinha nascido prematuramente... e tão pequenina!

Na escola depressa se revelou uma das melhores alunas, e sempre foi assim, até completar o 12º ano de escolaridade.

Sempre mostrou um grande interesse pelas Artes, sempre fez tudo a maior perfeição. Tem uma mão maravilhosa para o desenho e cedo tomou a firme decisão de que queria ser Arquiteta.

Hoje está onde ela sempre desejou estar: fazendo o curso de Arquitetura na Universidade de Évora, em Portugal. Sózinha, a muitos km de distância de casa, longe dos familiares, tem conseguido sempre vencer, superar, e obter boas classificações!

Está com 19 anos, é de Peixes. É uma menina que tem um grande e bom coração, e uma personalidade incrivelmente forte. Aquilo que ela pensa que é certo, ninguém a faz mudar de ideias, é determinada e decisiva em tudo. Nada lhe mete medo e nada se transpõe no seu caminho!

Esta é e sempre será a minha menina pequenina, Ana Catarina, a quem dedico estas palavras!

Quero dizer-te, filha querida... um dia serás esposa, um dia serás mãe e então compreenderás porque certas atitudes têm que ser tomadas...

*

Ana Catarina, minha filha querida... foi com uma infinita tristeza que hoje soube que estás muito doente... Apesar de estar longe de ti, gostaria que estas minhas palavras chegassem até teu coração... Quero-te dizer o quanto te amo e tenho pedido ao Senhor pela tua recuperação total e breve.

Quero dizer-te que estás sempre presente no meu pensamento e no meu coração... e que te amo muito! Sei que as minhas palavras são muito pouco... mas são sentidas profundamente e sinceras.

Que Deus te cure, te abençoe e te guarde sempre, em todos os momentos de tua vida.

Nunca esqueças o amor que tua mãe sente e sentirá sempre por ti, serás sempre a minha amada e querida filha....

“Senhor,

hoje Te dou Graças pela vida daquela que escolheste para ser minha filha!

Cuida dela, estende a Tua destra sobre sua cabeça e faz resplandecer sobre ela as Tuas bençãos e a Tua Shalom!“

28 de Novembro de 2009

Ana Flor do Lácio

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 11/09/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2492548
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