Rompimento

São Vicente,

09 de julho 2010

Incontestável,

A minha dor. O seu afastamento definitivo me causou os maiores dos sofrimentos já vividos até hoje jamais houve tamanha pastagem de dor em meu peito, jamais houve tantas lagrimas em meus olhos querendo rebentar sobre as pedras da solidão, jamais houve escuridão tão longa sem lua e sem estrelas. Foi doloroso e como foi, mas pelo fato de já saber suas intenções e por não querer atrapalhar o andamento de sua vida aceitei sem mais insistir, aceitei contra minha vontade, mas aceitei a sua partida sem um último adeus, sem ultimas palavras ou sem quaisquer justificativas que me levasse a compreender o abandono. Meus instintos são bem preparados e consigo logo perceber quando não sou bem-vindo ou quando minha presença é recusada mesmo timidamente.

Gostaria que você me conhecesse melhor, conhecesse cada momento de minha vida, cada espaço ocupado por mim, cada pessoa que me conhece, queria que você soubesse metade do que eu sei da sua vida, como gostaria que a poesia tivesse sido o elo da nossa união.

Você partiu e nem me conheceu, o vago em mim não combina, não posso omitir a distância que foi Constante e principal barreira ocasionando seu afastamento definitivo, mas também não posso deixar de te dizer o quanto você foi incrédula com relação à felicidade vinda de longe sei que parecia contos de fadas, mas nada é impossível se duas pessoas se amam nesse caso apenas uma amava, infelizmente eu, só eu te amava meu coração me dizia, me confirmava que você seria o ponto de equilíbrio da minha vida. Um passarinho que pousou em minha janela entrou dentro de casa e saiu ao mesmo tempo deixando apenas a novidade e a novidade era você que se revelava distante como uma estrela brilhando só pra mim. Vivi um conto de fada, deixei a fantasia tomar conta dos meus pensamentos.

Acho que minha solidão me fez acreditar incansavelmente nessa história irreal. Acho que sua poesia tão real, tão verdadeira, simples, mas com um poder de persuasão incrível. Sua poesia foi à principal responsável pelos sintomas de amor que se ascendeu em chamas de intensidade profundas, minha poesia então falou o que o coração sentiu, falou por muito tempo, chorou por muito, sofreu e sofre, cantou de alegria quando você poucas vezes me escreveu. Lembro-me agora aquela carta que te enviei com um pequeno poema que dizia o seguinte:

Não se podem esquecer as três coisas

Que faz do poeta demasiado satisfeito:

O poema

O vinho

E a mulher amada.

No momento estou apenas com o poema e o vinho, pois você se foi, você minha única amada se foi deixando um poeta perdido, iludido, desamado, afundado ainda mais na solidão de toda vida. Deixou-me embriagado por um amor sem álcool e o andar das coisas revela que realmente é impossível um corpo, somente um corpo abraçar o sentimento que precisa ser colhido pelas duas partes. Esse é meu último suspirar em sua direção, minha ultima despedida, meu soluçar incontrolável entre as lamentações das paixões. Fico agora somente com o vinho e o poema, entre o vinho e o poema.

Seu eterno apaixonado.

Poeta das montanhas