Sonhos e solidão

Acho que é uma medida interna que eu tenho, não dá para renegar... Eu tenho esperanças que em cada mudança da minha vida algo bom aconteça, ou tudo de bom que estava pra acontecer se revele. Mas nada é como nós sonhamos pelo menos nada é como eu sonho, eu sequer tenho sonhos deslumbrantes, porém por algo que eu não sei o que os mais simples nunca se realizam. Parece que estou fadada a uma roda fatídica de acontecimentos, tudo fica lindo e meus sonhos começam a brotar até que a pedra da realidade passa rolando sobre eles. A realidade é um gatilho que me lembra que as coisas boas são tão efêmeras quanto o meu sorriso. Então resta um solo de amargura formado por todos os sonhos que caíram por terra esmagados por uma camada de realidade, podre, fétida.

E a normalidade me cerca, não há brilho no reboco dos prédios, há nuvens no céu manchando o azul, o leito rochoso torna-se areia a desmoronar sobre mim enterrando assim minha parte que protesta. Finalmente passo a ser mais uma sobra que transita pelas ruas um rosto apagado no turbilhão de gente, me sinto vazia, sei que todos aqueles que passam tem grandes chances de também serem. Sortudos não têm consciência disso, aos poucos soterrada pelo dia que caiu sobre mim, também serei alienada.

Mas por que tão só? Ainda não posso saber. A companhia que espero talvez seja mais um desses sonhos.