Ao Meu Filho

Meu Filho,

Olhando teu rosto agora, conforta-me muito em saber que és tão parecido comigo. No começo, apenas no início de tudo, fiquei bastante apreensivo de como serias. Imaginei-te metade minha cara, outra, a face da tua mãe. Engraçado, realmente, seria se assim fosse.

Quando escolhi a mulher que te geraria, selecionei a dedo. E fiz isso porque sei que tenho muitos defeitos. Para compensá-los, pensei: “Que as qualidades de quem der à luz ao meu filho irradiem, literalmente, luzes”.

Por exemplo, não sou um homem que tem muita fé. Nem alguém que acredita fácil nas outras pessoas. Talvez por não crer tão facilmente em mim mesmo.

Sou muito triste, filho. Já fui mais bem-humorado. Atualmente, os dias parecem tão cinzentos. São as marcas que carregamos na vida. Não as pedimos. Algumas vem ao acaso. Outras, não sei dizer se a provocamos. Quem sabe involuntariamente. Contradições da própria vida.

Mas hoje em dia, filho, quando te vejo, sinto cada vez mais orgulho de seres tão parecido comigo. Porque herdas os ensinamentos do passado. Enxergo-te um homem. Fico admirado com as coisas que aprendeste dos exemplos. Tens caráter. És honesto. És verdadeiro com as pessoas. Sinceridade: palavra que, se ainda posso te ensinar algumas lições, certamente a usas melhor hoje do que ontem.

Aprendeste a ser verdadeiro nas palavras sem magoar as pessoas. Exercitas isto todos os dias. Eu te vejo. Eu te enxergo. Escuta, meu filho: “EU estou vendo todas estas coisas que tu fazes. Coisas boas. Acredita em mim. Porque assim vais crer cada vez mais em ti”.

Não te mudaria em nada. Do cabelo à unha do pé. Foste moldado a mim. Da tua mãe, tens o sentimentalismo. E é isto que te faz perfeito aos meus olhos. Não importa o que os outros pensam sobre ti. Graças aos teus sentimentos, és mais humano. E por perceberes tuas fraquezas, é que estás aprendendo a seres mais forte.

Foste tão planejado. Tão amado. Tanto. Amo-te tanto, meu filho, que passei a te amar bem antes de teres nascido. As primeiras lágrimas que sairam dos teus olhos, de início partiram meu coração. Pois só depois fui entender que eram gritos de vitória, dizendo: Estou vivo!

E o que mais quero na minha vida, é que vivas a tua vida. Lembro que não deixava saíres muito de casa. Com o tempo, fui percebendo que não estava mais te criando para meu mundo. Com isso, comecei a deixar andares sozinho para o teu mundo. Por isso, não siga meus passos. Não viva a minha vida. Não sejas eu.

Viva a tua vida!

Pegue todas as coisas boas que te ensinei. Foi o que melhor pude te dar nesta vida. Não foram os bens perecíveis ou os não-perecíveis. Foram as lições. Os exemplos. Por isso eu digo, não sejas eu. Sejas, apenas onde sentes ter orgulho também de mim, como eu.

Mas sejas tu mesmo. Não tem lição maior que eu possa te dar do que esta. “Sejas fiel a ti mesmo”. Porque vais entender cada vez mais que sendo tu mesmo, fiel aos teus sentimentos, é que vencerás cada vez mais na vida.

Não te preocupes. Pois não vais me perder. Eu estarei contigo em todas as lições de caráter, honestidade e sinceridade que te dei. E saibas, mais uma vez que me orgulho de ti. E que meus olhos brilham ao te ver lutando pela vida. Lutando como no dia em que querias sair do ventre materno.

Agora queres sair para o mundo. É direito teu! E me desculpe meu filho, se te protegi demais. Se choras tanto às vezes. Como se não tivesses anticorpos para as coisas que te acontecem na vida. Fiz por amor. Não quis nunca te ver chorar.

Só que hoje em dia eu realizo que só chorando é que se cria imunidadade para estas frustrações. Só vivendo é que se aprende a ser forte.

Como uma gripe, hoje você espirra, amanhã esse mesmo vírus não te pega mais.

Eu não vou te prometer que nunca mais vais sentir dores. Nem que nunca mais vais cair. Posso te prometer que confio em ti para resolvê-las por ti próprio. E que já sabes ter firmeza nas pernas para te levantar.

Agora ande.

Dê graças de poderes sentir as coisas. Pois quem sofre mesmo na vida é aquele que não consegue nada sentir.

Você já pode sair da sua cama e começar a caminhar com os próprios pés.

A tua casa hoje em dia não é mais teu quarto.

Teu lar és tu próprio. Em qualquer lugar que estiveres.

Firmeza em tuas atitudes! Cabeça erguida! Assim mesmo como já fazes.

Sempre!

Pois não é tanto nas palavras que se conhece um homem. Cada vez mais vejo em ti que o que te faz um homem são as tuas ações.

E se tem mais alguma lição que te diga, é a que já te vejo fazer: Olhe sempre nos olhos dos outros. Pois é lá mesmo que se revela a alma.

“Tu és maravilhoso!

Nunca desista!

Persista!”

Eu boto fé em ti!

Já estás pronto!

Meus parabéns!

Tu és a minha cara!

Com orgulho e amor,

Do Teu Pai.

Delano Almeida
Enviado por Delano Almeida em 30/03/2011
Reeditado em 30/03/2011
Código do texto: T2880382