TORNO-ME LÍQUIDO EM TEU CÁLICE

Poesia sem contra-indicação.Tarja azul para teu sono.

Faço-me os versos que digo

Sou com o perfume vertido

Meu suor, meu desejo escorrido

Sal da minha dor, olhar lambido

Sou o grito contido, rugido

Nos versos em que me faço.

Sabores daquilo que digo

Versos vertidos sem abrigo

Escritos à pena sem castigo

Mas ao sabor...

Toma-me por aquilo que tomas

Vou dentro dos versos, comprimido

Tarja azul para teu sono

Poesia sem contra-indicação.

Sorve-me como companheiro tinto

Torno-me líquido em teu cálice

E desço quente e acolhedor

Sobre tua alma com sede.

Toma-me poesia,

Aplique-te com versos

Aplacas todas tuas tormentas

Solta-te das amarras febris

Cheira o perfume das palavras

Prova “dois dedos” de leitura, e

Embriaga-te de encantamento.