CRUCIFICAÇÃO - A Paixão que liberta. Via crucis.

A Paixão que Liberta

Como um rastro luminoso aos indefesos

Sua palavra atravessava ruas e desertos

Seguiam-no os extasiados pela sua luz,

Contagiados pela força da sua mansidão.

Gente simples, pescadas na maré do mundo

Desabrigados, sofredores, doentes, maltrapilhos

Aprendizes do amor divino, convivas das ruas

Prontos para o banquete, inúteis andarilhos...

Bando de pássaros em transito bendito

Salpicando milagres com Ele, onde passavam

A curar enfermos, fazer andar e a abrir olhos

Não os milagres físicos a atrair multidões

Mas o milagre da descoberta de si, através D’Ele

O perceber da semelhança, a imagem do Criador

A Via Crucis

E são esses milagres, para além do palpável

Este abrir de olhos, que mostrou o mal ao mal

Acendendo a ira incrustada e violenta

Ação de repulsa antagônica agonia

Das sombras diante da Luz

Não sabendo sequer seu papel,

De realçar a Luz como moldura.

Ao tentar eliminar a chama luminosa

Perdeu-se...

Mas, tentou as trevas imprimir o Caos

Por trinta moedas e um beijo

Comprou a Dor, certo que vendia o Amor

Deu a Cezar o que dele era,

E a D’us não deu nada, por nada ter

Fez seu papel, seu escândalo

O caos a serviço da Ordem.

A Crucificação

Carregou nossas dores compactadas numa cruz

Cada insulto, chicotada, cada ofensa

Derramava-se em seu corpo como afago

Como uma caricia do Criador ao seu Filho

Porque no suor e sangue que lhes escorria

Lavava na terra uma esperança nova

E fez Verônicas nossas almas

Ao imprimir ali sua face dorida.

Cravaram-no no madeiro do nosso perder-se

Mas de braços abertos, oferece-nos o ombro

Acolhe-nos no cansaço e no desespero

Ama-nos fincado na convicção de ser D’US

Vence-nos quando se faz vencido.

Ao morrer crucificado, marcou com xis

O ponto onde a todos brota a LUZ.