Nos braços silenciosos de Ísis

Meu caro Druída. Ísis é aquela que conforta. Bem sabe ela o quanto a sua presença se fez mais uma vez necessária e o quanto me custa recorrer de seus braços silenciosos. Então, lhe pedi que o luto e dor fossem breves como também são breves as flores do sicômoro. Porém, não sei se você sabe mas , para os antigos egípcios, nada era feito que não fosse sob os olhos de Maât, a deusa do amor justo. Parece que fui justo. Maât permitiu que Ísis viesse ao meu encontro tão rápido quanto as asas de um falcão. Não importa o que ela tenha me dito em voz cálida enquanto a noite muda curvava-se sobre mim; também não importa o que ela me tenha sussurrado enquanto seus seios se umedeciam ao encontrar o meu rosto. Não importa que ela me tenha mostrado aquilo que não deve ser visto; não importa, uma vez que pedi para que viesse ao meu encontro, trazendo seus olhos úmidos do Nilo para que eu visse o mundo. O que importa é que tudo foi veloz. O que importa é que o luto, prestes em acabar, já me permite ver Anúbis, gentil e solidário, me oferecendo a sua barca para que nela retorne ao meu destino. Ísis me concedeu a dádiva de levar consigo quaisquer arestas e chorá-las por mim. Um grande abraço e também grandes louvores às suas deusas da terra. Que as sementes de sicômoro, plantadas por você a pouco, dêem frondosa árvore.

Carlos Magni
Enviado por Carlos Magni em 16/11/2006
Reeditado em 16/11/2006
Código do texto: T293261