CARTA PARA GOIÂNIA

Desculpe-me, meu Amor, não sou poeta.

Meus exercícios poéticos me soam esquisitos, faço uma poesia ruim. Talvez o Gonçalves Dias, aquele com quem você se casaria, morresse de rir da pobreza dos meus versos.

Mas você sabe que mesmo que as poesias sejam ruins, são a expressão do sentimento de alguém por demais apaixonado. Essa será a sua primeira decepção comigo, a minha falta de talento para a poesia. Tentarei compensar essa falta grave com uma prosa concisa e elegante, mas sem deixar de ser apaixonada.

Essa sua estadia forçada aí em Goiás tem me sido um peso n’alma, um fardo pesado de se carregar. Embora a minha racionalidade saiba que o motivo é dos mais nobres, as emoções e principalmente meu corpo reclamam a tua ausência. São muitas às vezes no dia em que meus olhos ficam marejados com a lembrança da minha amada, tento me resignar e conter meus sentimentos de saudade e solidão.

Contudo, você tem sido uma namorada extremamente dedicada, telefona-me o tempo todo, mesmo distante está quase que onipresente nas conversas e no meu pensamento, não posso reclamar de que não me dás atenção ou que se esqueceu do teu amado.

Até mesmo nossas madrugadas têm sido preenchidas com conversas e interações que, pelo menos teoricamente, seriam possíveis apenas na modalidade presencial.

O que eu faço com você?

Não posso brigar contigo, não posso te cobrar falta de atenção; o motivo pelo qual está aí, já disse antes, é nobre por demais, diga-me, meu Amor, o que eu faço com você?

Volte logo para mim, volte assim que puder, pois meu coração fica murcho sem você, a vida perde a graça, a cor...

Espero-te ansiosamente, sempre.

Te amo!

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 14/06/2011
Reeditado em 14/06/2011
Código do texto: T3034633
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