Carta para uma virtuosa mulher

Mulher,

Estava aqui a bebericar tuas linhas escritas.Sorvi agora o último parágrafo. Tanta água, tanto mar me fizeram sentir um quê de nostalgia, de perda. Mas perder o que eu não consegui? É possível tal paradoxo? Ora, os paradoxos existem pra isso mesmo, concretizar o impossível, tornar inteligível o inexplicável. Estou, melhor,estamos nos afogando nestas águas turvas que escondem o nosso duplo martírio. Martírio!? Mas só os santos são martirizados e estamos tão longe disso... Então nosso martírio se transforma em vitória. Mais um paradoxo. Ai, que isso já começa a nos incomodar, não? Naufraguemos então, sem dó e todos os nossos... paradoxos? Que este mar nos engolfe, que não tenha misericórdia, que purgue nossas falsas virtudes, torne-nos os seres que realmente queremos ser.

Do Comendador

Comendador Montezuma de Monteverde
Enviado por Comendador Montezuma de Monteverde em 01/12/2006
Código do texto: T306660