Carta Integrada de Repúdio ao pronunciamento da Deputada Myrian Rios

Carta de Repúdio integrada ao pronunciamento da Deputada Myrian Rios

“Calando-te sempre, darás lugar à injustiça.”

(Publílio Siro)

“A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.”

(Barão de Montesquieu)

“O preconceito é um fardo que confunde o passado, ameaça o futuro e torna o presente inacessível.”

(Maya Angelou)

“( O Amor ) Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

(1 Coríntios 13:6)

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”

(Mateus 5:6)

Vários estudantes ( inclui-se ai heterossexuais e católicos ), resolveram escrever suas notas de repúdio a respeito do pronunciamento lamentável, beirando ( ou cometendo ) o crime da Deputada Estadual Myrian Rios ( PDT-RJ ).

Antes de tudo gostaria de esclarecer a confusa mente da Deputada Myrian Rios a respeito da Homossexualidade e da Pedofilia.

- Homossexualidade é a atração física e emocional por alguém do mesmo sexo;

- Pedofilia é a atração doentia por crianças ( tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino ), classificado como parafilia ( doença de ordem psíquica-sexual );

Sobre a homossexualidade, gostaria de deixar claro que ela não é uma opção como a senhora afirmou várias vezes, a homossexualidade é estabelecida por fatores hereditários ( Freud, 1905 ), biológicos ( Dr. Milton Diamond, orientação sexual, Universidade de Mõnoa do Hawai ), Endócrinológicos ( Dr. Jacques Balthazar da Universidade de Liège, na Bélgica ), Neurobiológicos ( Dr. Ivanka Savic, Berglund e Per Lindström Dr. do Instituto Karolinska, da Suécia, Estocolmo ) e por lógica analítica quem iria escolher uma orientação sexual diferente da maioria sabendo do preconceito que a senhora mesmo expôs?

Ela não é uma doença, não é transmissível, não é perigosa para a sociedade ( Conferir declaração da APA de 1973 ).

Homossexualidade não se aprende, não se impõe e não se induz, a homossexualidade existe desde os primórdios da humanidade e se mantém segundo especialistas ( Relatório Kinsey ) em 10% da população.

Já a Pedofilia, é uma doença, uma parafilia e não uma orientação sexual como a senhora afirmou! Cometida em maioria por heterossexuais, homens casados com mulheres, 73% dos casos de pedofilia são cometidos por heterossexuais, associar pedofilia a homossexualidade é má fé e caracteriza crime de injúria.

Já a sua Homofobia expressa é uma doença aprendida, sintomatologicamente parecida com a homossexualidade ego-distônica que é quando um homossexual não se conforma com sua condição, o problema não esta no ser homossexual e sim nas implicações que isso traz para a vida do indivíduo por fatores formados no Superego do individuo quem vem da religião, da sociedade, da filosofia e tudo praticado por outrem. A homofobia é uma das principais causadoras da homossexualidade ego-distônica, do suicídio entre homossexuais, da desenvolvimento de psicopatologias no homossexual e estes problemas agradecem a colaboração da Deputada Myrian Rios.

Como Psicanalista eu posso lhe afirmar e meus colegas que irão comentar texto abaixo confirmam também é que se existe uma coisa que a criança aprende é comportamento, e homossexualidade não é comportamento, homossexualidade é o conjunto da percepção, emoção, espiritualidade, afetividade, atração física por alguém do mesmo sexo que não se manifesta necessariamente através de comportamentos, existem homossexuais afeminados, como existem os que não são, assim também como existem heterossexuais afeminados que não são homossexuais, fatores hormonais contribuem para uma modelação na estrutura psicomotora de um indivíduo que não implica na orientação sexual, o fator hormonal da homossexualidade só é atribuído dentro do útero materno. Rebato aqui o pronunciamento errôneo de que a travestilidade é uma orientação sexual, travestilidade é identidade de gênero, porém a senhora parece não compreender a diferença e mesmo assim ousa falar de sexualidade humana, também uso o meu conhecimento baseado no CID e no DSM responsáveis pelo catalogo de doenças de origem psíquica para afirmar que a Pedofilia é uma doença e não uma orientação sexual como afirmou em tom de certeza a senhora. Já a homofobia pode se manifestar como comportamento agressivo, verbal ou físico, no caso da senhora, verbal e a senhora tem proporcionado uma zona de conforto para a o da Homofobia dentro da sociedade brasileira, assim como a sua ignorância e informações passadas erroneamente as pessoas que lhe assistiam, assim encaro a senhora como uma pessoa perigosa para nossas crianças e nossos jovens indefesos , com base nos estudos comportamentais, afirmo que a homofobia é algo que se aprende, através do comportamento alheio, tendo maior impacto quando as informações homofóbicas vem por parte em uma sociedade aonde ainda e infelizmente as pessoas seguem uma escala de “importância” e a senhora como Deputada que se diz representante do povo tem um grau “superior” nessa infeliz escala criada pela sociedade que precisa ser desconstruída, visto isso, seu pronunciamento perante a o conhecimento da classe Psi. ( Psicanalistas, Psicólogos e Psiquiatras ) é condenável, deplorável, homofóbico, infundado, propõe a propagação do ódio a homossexuais e a desinformação sobre a sexualidade humana que já enfrenta os obstáculos do fundamentalismo religioso que quer se sobrepor a evolução científica, necessitando assim de correção pública, visto que já que se aprende a ser homofóbico, deve se mostrar as nossas crianças e adolescentes que não é certo ser homofóbico e como ferramenta temos a punição jurídica que será lhe aplicada ( ou não ) por difamação, calúnia e injúria, vejo que a ALERJ deve repudiar o seu pronunciamento e abrir um processo disciplinar contra a senhora para que nossas crianças e jovens vejam que quem pratica homofobia, pratica crime de ódio e é punido, independente de sua “escala” na sociedade. Aqui findo a minha opinião dando espaço para outros profissionais e estudantes que se mobilizaram em nota de repúdio ao seu pronunciamento.

- Alguns educadores mandaram suas notas de repúdio, dentre elas cito duas.

Cláudia G, professora de Inglês

“Manifesto a minha profunda indignação em relação às declarações da Exmª Srª Deputada Myrian Rios.É inadmissível que uma representante do povo, eleita democraticamente, incite a intolerância e evidencie um posicionamento profundamente preconceituoso como o apresentado, associando homossexuais à pedofilia.

Enquanto educadora e cidadã, defendo que para construir um país mais justo, mais igualitário e mais democrático devemos combater todo e qualquer tipo de discriminação. Somos todos responsáveis por isto

Homossexualidade não se aprende. Homofobia sim.”

Em nota também o Professor e Estudante de Geografia ( licenciatura plena em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia- UNEB- Campus VI ) Pablo Kehoma explica que a homofobia é algo aprendido e a orientação sexual não.

“A escola é um espaço de diversidade, porém não é um espaço da diversidade! Por que pode ser feita essa afirmação? Esta afirmação pode ser feita, pois na escola existem pessoas tanto jovens como adultos, meninos, meninas, homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, bissexuais, loiros (as), morenos (as), enfim, uma infinidade de pessoas diferentes que possuem estilos de vidas bem diferentes, ou seja, existe uma diversidade muito grande, porém apenas as pessoas com estilos de vida normatizados pela sociedade são aceitos de bom grado e respeitados. A escola deveria ser um espaço de construção de cidadania e respeito, porém às vezes, se torna palco para homofobia, abusos e preconceitos, que acabam por expulsar os estudantes, transformando a escola em um não-lugar para muitas pessoas. Esse estigma deve ser quebrado e o desenvolvimento de atividades acerca da sexualidade deve acontecer de forma que atinja os estudantes, sensibilizando-os acerca do respeito à diversidade sexual e à desconstrução socioespacial das desigualdades. Essa sensibilização poderia ser feita através de atividades que enfocassem a diferença como algo comum nos nossos dias, a cartilha que ajudaria a trabalhar essas questões nas escolas, foram vetadas e proibidas de serem distribuídas, pois acharam que elas seriam um manual que ensinaria as crianças a serem homossexuais, mostrando mais uma vez que a escola não tem caminhado para ser um instrumento de libertação social, mas um veículo de manipulação de interesses políticos. Não se aprende a ser homossexual, não é algo que se ensina, muito pelo contrário, dentro da sociedade que vivemos aprende-se a ser homofóbico, a escola quando segrega e não prepara os professores para trabalhar com a diferença sexual existente esta sim, sendo um agente para formação de cidadãos homofóbicos. Esta segregação é evidente quando, na aula de educação física, os meninos são separados das meninas em atividades diferentes, os meninos jogam futebol e as meninas baleado. Acontece na fila do lanche, meninas de um lado meninos de outro. São simples construções da idéia de gênero que afetam e desrespeitam a diversidade, tornando a escola um não-lugar da ação da diversidade, e de forma escancarada a escola vai ensinando as crianças a segregarem.

A escola precisa ser um lugar para os (as) estudantes, e para ser um lugar é preciso que haja um sentimento de pertencimento e identidade com o espaço vivido por eles (as), sendo assim a escola deve se tornar livre de preconceito seja ele sexual, de gênero, racial, étnico, social, econômico, enfim, de toda forma possível. Enfim, uma escola de todos, em que as pessoas sejam respeitadas independentemente de seu estilo de vida E para a escola se tornar livre desses preconceitos é preciso que os professores estejam cada vez mais preparados e atentos a essas diferenças, e que diante delas busquem incluir e nunca excluir.” [ Grifo meu ]

- A estudante de Publicidade e Propaganda pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e redatora Luane Caravante também em nota relata a sua indignação para com o discurso da deputada Myrian Rios relatando:

“Preocupam-me declarações como a que a ex-atriz, se é que podemos chamar seus trabalhos de “atuação”, e deputada estadual Myrian Rios, venham á mídia. O Brasil é um país extremamente carente de cultura e informação onde, por exemplo, parte da população ainda pensa que todos os homossexuais são portadores do vírus HIV. Sendo assim, é prejudicial para todos deixar que essa ex-modelo de revistas eróticas saia impune por um crime claro de calúnia e difamação contra pessoas cuja homossexualidade não é em nada relacionada com o caráter, conduta e principalmente, á um grave distúrbio psiquiátrico que é a pedofilia.

É compreensível a sua preocupação como mãe para com qualquer abuso ou violência que seus filhos estejam sujeitos nas mãos de funcionários criminosos, mas isso independe de sexualidade. Babás e outros empregados são presos diariamente por agressões, tortura, assédio e violência sexual, e em sua maioria eram heterossexuais, o que desmente completamente as afirmações distorcidas, desprovidas do mínimo conhecimento de psicologia e comportamento social.

Nada proíbe um empregador de demitir por justa causa uma pessoa agiu de maneira criminosa em sua casa ou empresa, e denunciá-lo tomando as devidas medidas legais quando forem aplicáveis. Ao contrário da imagem errônea que deputados passam sobre a PLC122, ela não acoberta praticas criminosas vindas de homossexuais. A má conduta independe de sexualidade, e como todos os cidadãos são, ou pelo menos deveriam ser iguais perante a lei, os homossexuais continuam sendo enquadrados nos mesmos artigos que os heterossexuais, caso pratiquem os mesmos crimes.

Para uma bancada de religiosos dispostos a manter o domínio cultural sobre uma população desprovida de informação e vontade de buscar a mesma, declarações como a da deputada Myrian são a oportunidade de ouro para incentivar o ódio em massa, o apego a falsos valores religiosos baseados na violência e discriminação e manter seus fiéis financiadores. Enquanto isso, os mesmos roubam, aplicam impostos abusivos sobre a população, sem que essa nada faça, apenas ore e espere o próximo aumento miserável de salário para contribuir com a obra dos que sequer se recorda de ter votado um dia” . [Grifo Meu]

- Vários outros estudantes e profissionais me escreveram com a intenção de que tal impunidade não saia despercebida com um simples pedido de desculpas, com essa preocupação a estudante de letras Hailey Kaas da Uninove escreve:

“Dep. Myrian Rios

Usando seu mesmo discurso, mas mudando o grupo-alvo, seria mais aceitável?

Por ex. Você disse que tem o direito de demitir uma lésbica, e pela PEC não poderia.

E se fosse uma negra? Certamente você argumentaria que teria medo de ser roubada não é mesmo? Porque se você pode fazer uma associação arbitrária entre homossexualidade e pedofilia, porque não fazer essa mesma associação arbitrária, ambas fundadas em preconceitos? Afinal você tem o “direito” de demitir uma negra não é? Ah, não, não tem porque racismo JÁ É crime. Mas certamente segundo sua lógica, essa lei poderia ser revogada.

Dep. Myrian Rios, seus argumentos são baseados na pura suposição que homossexuais são pessoas perigosas para crianças.

Mas tenho certeza que o perigo está mais no seu discurso excludente do que em algum homossexual “bolinar” seus filhos.

Você quer que seus filhos namorem meninas para “perpetuar a espécie”. Nunca vai parar para pensar no que os SEUS filhos querem? Estou vendo seus filhos crescerem como pessoas preconceituosas, seguindo o exemplo da mãe.

As pessoas LGBT ‘engolem’ todos os dias a intolerância no trabalho, na escola, nas ruas, nos hospitais, nos Fóruns nos espaços públicos e privados. E você me diz que você tem o direito de não ter alguém homossexual trabalhando para você. Diga-me, Myriam, para qual espaço você sugere que as pessoas LGBTS poderiam ir se todas as pessoas pensassem como você? Você quer fazer a assepsia social das pessoas LGBTS para viver num mundo onde não precise correr o risco de contratar uma pessoa LGBT? Por que não fazer um novo holocausto?

Engraçado que, se eu demitisse alguém por ser católico ou evangélico ou de qualquer religião, já existe na lei a proteção contra discriminação religiosa. Mas não existe para LGBTS.

Os direitos só são para uns, e não para outros. Muito justa essa lógica não é?” [ Grifo meu ]

- A Respeito da sua pronuncia, vários estudantes de direito me escreveram, e aqui relato uma nota de um dos que me escreveram

Rodolfo Pinheiro Bernardo Lôbo, estudante do curso de Direito UFMT:

“O Código Penal apresenta alguns artigos específicos sobre os crimes contra a honra e infelizmente a deputada Myrian Rios em seu discurso pode ter praticado alguns desses crimes.

Já de início me defendo de argumentos de positivistas, aqueles que veem o artigo de forma bem restrita, que podem afirmar que em alguns dos artigos que apresentarei há o uso da palavra “alguém” o que, para eles, faria com que os artigos fossem utilizados apenas quando se especifica um nome. Doce ilusão.

Caluniar, artigo 138, é atribuir a alguém erroneamente algum fato ilícito. Difamar é atribuir a alguém e à sua reputação ações ofensivas. Outro crime que muitos podem perceber no discurso da deputada é a injúria, dita no art. 140 do Código Penal, como ofender a dignidade de outro.

Ao vermos o que foi dito por Myrian facilmente se percebe um discurso preconceituoso e que não leva em conta princípios constitucionais como da igualdade e da dignidade humana. Como se percebe em trechos como esse “Não sei, pode de repente partir para uma pedofilia para com os meninos [...]“.

Após conhecermos esses artigos e analisarmos a fala da deputada do RJ o ordenamento jurídico brasileiro, de uma democracia, nos oferece diversas formas de manifestarmos nossa posição contrária e já se percebe uma movimentação de ativistas e/ou pessoas que perceberam que direitos seus foram lesados.”[ Grifo Meu ]

- Indignada e preocupada com a repercussão das afirmações da Deputada Myrian Rio,s Hannah Duarte estudante de Biologia da PUC – GO escreve sobre a homossexualidade e as possibilidades de “escolha” da orientação sexual.

“Dizer que a homossexualidade é uma escolha, uma opção demonstra a cada minuto a desinformação ou falta de caráter ao afirmar algo que obviamente não é verdade. Para começar, chamamos os animais da natureza de irracionais, por uma razão, eles vivem guiados por seus instintos, e há 250 espécies na natureza que apresentam comportamentos homossexuais por diversos motivos, e não tem a capacidade de escolher entre comportamento homossexual ou heterossexual, sendo de sua natureza. Mas na área humana, a National Academy of Sciences of the USA publicou um artigo da Stockholm Brain Institute, Karolinska Institute, Department of Clinical Neuroscience, Karolinska University Hospital, que mostra que há uma similaridade entre o cérebro de uma mulher heterossexual e de um homem homossexual e o mesmo ocorrendo com o cérebro de um homem heterossexual e de uma mulher homossexual, o que influi na condição de atração e preferência sexual. No livro Handbook of Behavior Genetics” (Springer, 2009 – ISBN 978-0-387-76726-0; Cap. 19) Khytam Dawood, J. Michael Bailey e Nicholas G. Martin, escreveram um capitulo sobre genética da orientação sexual, que mostram resultados de pesquisas que indicam o caminho da orientação genética para o comportamento homossexual e heterossexual. É importante lembrar que a genética aqui não é mendeliana. Um outro texto, publicado em 2008, por Andrea Camperio Ciani no EurekAlert! (Agência de notícias da Associação Americana para o Progresso da Ciência – AAAS) mostra que estudos indicam que a homossexualidade masculina pode ser explicada por um modelo especifico da evolução darwiniana, através de um trabalho publicado em 2004 que mostram que mulheres de linhagens maternas de homossexuais masculinos eram mais férteis que a média. O Dr. Alan Sanders junto com a comunidade Evanston Northwestern Healthcare Research Institute acreditam que não existem somente um “gene gay” e sim a interação de uma série de genes. O Dr. Francis S. Collins do Projeto Genoma prevê uma estimativa de 30% de herdabilidade da homossexualidade, o que pode justificar porque há menos homossexuais do que heterossexuais.

Enquanto há muitas provas que caminham a afirmar que a homossexualidade pode ser tudo, menos uma escolha, ainda há pessoas que insistem em afirmar – sem conhecimento cientifico nenhum e na base do “achismo” – que alguém pode escolher sua sexualidade. Pois bem, todo cientista com conhecimento de causa vai lhe afirmar que isso não é possível.”

- Em âmbito teológico a qual me parece também a deputado e missionária católica ser desprovida de conhecimento aqui relato a nota de repúdio de Priscila de Oliveira Cardoso Pereira (Teóloga, mestrando em Ciências da Religião)

Repúdio à declaração de Myriam Rios sobre a PEC23

“Como cristã e teóloga, estou envergonhada com a declaração da deputada Myriam Rios, em oposição à PEC23. Ela, que se apresenta como missionária católica, mãe e representante do povo, demonstra uma postura intolerante, ignorante, desinformada e homofóbica.

Ela inicia seu discurso com uma pseudo declaração de amor e respeito, mas fere nossos ouvidos com palavras de discriminação. Porém, o que mais incomoda é sua falta de informação e as opiniões de quem não faz idéia do que está falando.

Seus posicionamentos distorcidos:

Coloca em pé de igualdade a Homossexualidade e a Pedofilia;

Afirma que a Homossexualidade é uma opção sexual e não a orientação da pessoa;

Confunde Orientação sexual com Educação sexual;

Acusa os/as homossexuais de serem incapazes de cumprir suas funções profissionais por causa de sua orientação sexual;

Afirma que todos os homossexuais são pedófilos.

Antes de defender sua postura preconceituosa, ela deveria se preocupar em fundamentar os seus argumentos.

Além de sua ignorância sobre os assuntos citados, ela se pergunta se não vai poder despedir um funcionário quando descobrir que ele é homossexual. Será que ela não percebe que há muitos homossexuais não assumidos fazendo parte do seu dia a dia, inclusive na sua igreja?

E ainda faz uma citação equivocada de Gênesis, defendo o namoro dos seus filhinhos com meninas para a procriação.

Como deputada, ela deveria preocupar-se em ser bem informada e representar o povo com justiça;

Como mãe, ela precisa ensinar os seus filhos a respeitarem o próximo;

Como Cristã e Missionária, ela precisa ensinar o amor e a tolerância, que são base dos ensinamentos de Jesus.

Deputada Myriam Rios, eu repudio sua declaração homofóbica e ignorante.

Se informe antes de lançar argumentos sem sentido.

Não use a bíblia fora de contexto para legitimar sua fala.

Se quer ser respeitada pelas suas decisões, que elas sejam baseadas no respeito e na dignidade ao seu próximo, sem desmoralizá-lo ou desclassifica-lo.

Te faço uma pergunta: se você fosse desclassificada profissionalmente por ser heterossexual, você não ia querer a lei a seu favor?

E termino com a Bíblia (a mesma que a sua?):

“No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.” I João 4.18

“Que o Espírito Santo possa hoje (…) que caia fogo do céu” nas suas idéias! Amém”

Dentro do conjunto de manifestação, das mais plurais classes profissionais, que trabalham com o entender da formação do ser humano em todos os âmbitos (Psíquico, Espiritual e Físico ) solicito a resposta:

1 – Do Partido Democrático Trabalhista (PDT) a qual a Deputada Myrian Rios é filiada;

2- Solicito também resposta da Igreja Católica Romana, vista que a mesma é intitulada como “Deputada dos Católicos” e como cargo de Missionária que tem, sobre o pronunciamento explicitamente homofóbico, preconceituoso, desprovido de respeito e conhecimento a qual a Igreja Católica Romana tem procurado erradicar de seu meio pelos pronunciamentos e tratados ecumênicos que tem feito afim de acolher os homossexuais, assim como o reconhecimento da orientação sexual homossexual que o fez em outrora;

3 – Solicito resposta do Partido Verde a qual o Deputado Estadual Xandrinho faz parte e em tom de consentimento concordou com as declarações de teor preconceituoso da Deputada Myrian Rios.

4 – Solicito também avaliação da Secretaria Nacional de Direitos Humanos,

5 – Também da Comissão da Ética da ALERJ para instauração de processo disciplinar contra a Deputada Myrian Rios por Injúria, Difamação e Homofobia para com os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Travestis.

6 – Solicito também que os Deputados que afirmaram seu compromisso outrora para com todos os fluminenses a fim de proteger a integridade moral dos residentes do Estado do Rio de Janeiro que se manifestem e abram pedido de processo disciplinar contra a Deputada Myrian Rios pelos motivos já citados. Lembrando que a ALERJ tem compromisso de cuidar e proteger todos os moradores do Estado do Rio de Janeiro, a qual é representada por uma diversidade de pensamentos que tem o direito de defendes seus pontos de vistas, sem discriminar ninguém, falar que homossexuais são perigosos para crianças e equipara-los a pedófilos é dissimular o ódio contra a população LGBT que já é discriminada pelo fundamentalismo social e religioso.

Atenciosamente, Felipe Resende, Psicanalista, especialista em Sexualidade Humana,

Rio de Janeiro, 28 de junho de 2011

E-mail: terapeutafeliperesende@gmail.com