Separação

Belém, 01 de julho de 2011.

Querida,

Quando nos conhecemos foi maravilhoso, eu com 22 anos e você com 18 anos, na época foi a melhor coisa da minha vida, gostávamos do mesmo cigarro, da mesma cerveja e da mesma conversa, mas com o tempo as brigas aumentaram, começamos a atrapalhar um ao outro. Nada mais estava certo, até que veio o nosso filho, que sempre vou amar. Não queria ficar com você só por causa dele, mas bem que tentei porem não deu certo.

Não reconhecia meus erros e vangloriava-me dos meus acertos. Nossa vida estava em mudança profunda e nem tinha percebido. Nossas escolhas nos transformaram no que somos hoje, um homem e uma mulher magoados com o passado, que às vezes nem conseguimos nos olhar. É querida, a vida não é fácil! Precisávamos fazer tantas ofensas, injurias e mentiras?

Agora me permito ser melhor, olhar para esse passado e sorrir, transformar uma mágoa em aprendizagem, e dizer nossa como agi engraçado! Sim, engraçado. Rio das palhaçadas que fizemos, saímos atropelando tudo, não queríamos perder tempo, e mal sabíamos que tínhamos todo tempo do mundo dentro de cada segundo. E em muitos segundo pude ser verdadeiro, contemplando vossa presença com honestidade, tendo assim a honra de sua companhia.

Não, isso não é mais uma carta de amor, entretanto estou falando de perdão e continuação das nossas vidas. Éramos jovens, estávamos aprendendo a sermos como homem e mulher, que erra e continuo errando, nem peço desculpa, pois só as grandes pessoas sabem perdoar. Como já nos perdoei.

Sabe, na época misturei tudo, comecei a amar outra mulher. Não sei nem o porquê, mas fui naturalmente gostando. Já queria ser homem e constituir família, mas não sabia nem ser um bom filho, como eu seria um bom pai? O importante que aconteceu e vocês entraram na minha vida, o que seria de mim se isso não me teve acontecido, ainda bem que estou vivo para contar.

Tenho só a lhe dizer obrigado! Por me dar esse lindo presente - que é meu filho, minha maior alegria, meu maior desafio, minha maior ternura - este ser tão sapeca. Relembra nossa infância atentada, nossa juventude atrapalhada e nossa separação frustrada.

Amar é preciso, perdoar é necessário e sofrer é opcional.

Sinceramente.