Ao Menino Dos Olhos Castanhos...
 



(Arquivo pessoal de SR)

Já nem é tão menino com seus 31 anos de idade.
Às vezes chego a pensar que é mais velho, talvez
pela ausência de bom humor várias vezes ao dia.
Ou então por tantos momentos silenciosos que busca
e que respeito, esperando que saia deles quando achar melhor.
E você sai e me diz:
"Vem aqui San, me dá um pouco de você".
E me dou, e te ouço, e te cuido.
E te deixo bravo mexendo no teu cabelo brilhante,
com inveja dos cachos perfeitos.
E o que dizer dos teus olhos? Você sorri mais com os olhos,
fala com eles, inclusive me pede perdão só pela maneira de me olhar,
claro que as palavras "Me desculpe", nunca saíram da sua boca
nesses quase 6 anos.
Não é convencional o que vivemos, e se fosse para ser 
do jeito que a sociedade impõe, não seríamos nós dois.
Nos completamos de maneira a fazer o que o outro espera.
Gosto de te observar, a sua concentração ao trabalhar no pc,
a maneira perfeita com que mantém tudo que é seu organizado,
me surpreendo quando te ouço perguntando pra empregada
se ela precisa de mais dinheiro, ou de uma carona em dia de chuva.
Me surpreendo quando acompanha minha filha aos shows de bandas
que preferia que nem existissem, apenas para fazer bem a ela,
e fica em filas, e suborna seguranças em troca de míseros rabiscos
chamados autógrafos em latas de cerveja, guardanapos, ou na sua
camiseta. (oopsss esse dia foi cruel).
Me surpreendo quando te vejo ouvindo paciente meu filho caçula
lendo a bíblia pra você antes de dormir, e o sacrifício deve
ser imenso já que você é Ateu.
Vejo de você o lado bom, sem precisar divagar muito,
é o único que vejo na minha vida daqui há 20, 30 anos.
Tem uma coisa que me falou da qual nunca me esquecerei,
um dia quando te disse que você largaria de mim porque os
anos iriam passar e eu iria ficar velhinha, e você me respondeu:
"Os anos passarão pra mim da mesma forma, eu também irei envelhecer
o mesmo número de anos que você".
Essa é a verdade que demorei para entender.
Acho que entendi naquele dia que acordei e tinha uma carta escrita
por você na mesinha do meu computador, e você me pedia em casamento
mesmo morando na mesma casa, e dizia que me amava.
E depois quando acordou, nesta mesma manhã me perguntou:
"Tu já tem a resposta da pergunta que te fiz na porra da carta?"
Ahhh, não por você, e sim por mim, eu disse não...
"Somos um do outro, com propriedade, um ritual não iria mudar isso,
deixemos as coisas assim..."
E deixamos, e o tempo passou, ele passa e você continua aqui,
na minha vida, onde mais pessoas são incorporadas,
e onde nós dois continuamos amigos, amantes, companheiros,
cúmplices e mais um monte de coisas que compreende a nossa vida juntos.
Nossa respeitada Polifidelidade, Poliamor seguro e verdadeiro.
 
Da maneira que eu sei amar, você é um dos que eu amo.



(Arquivo pessoal de SR)

De SR para Leandro
 
Sandra Ribeiro
Enviado por Sandra Ribeiro em 09/09/2011
Reeditado em 09/09/2011
Código do texto: T3210492
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