Queridas manhãs de primavera.

9 de novembro de 2009 (primavera).

Queridas manhãs de primavera,

Desde que o www.com encurtou os caminhos e acabou com as distâncias não tenho sentido necessidade de escrever cartas. Cartas requerem tempo e nos fazem recordar e algumas delas nos fazem chorar.

Porém, hoje me recostei num certo "recanto" e as lembranças vestiram-se de letras e foram ressurgindo de algum lugar não muito distante. Momentos que fizeram parte de um determinado tempo entre uma linda primavera de 1978 e um outono de 82.

Hoje vou presentear-me com algumas recordações.

Escrevo esta carta para as manhãs de minha primavera e com isso poderei recordar teu riso, olhar teu olhar de novo e tentar ainda sentir o calor do teu beijo no silêncio do meu eterno outono.

Sinto saudades daquele tempo em que encontrava seguido a luminosidade intensa e ainda desconhecida do sol das manhãs de minha primavera. Distraída perambulava sem medo pelos meus risos, entre meus olhares e fantasias desconcertantes que buscavam o teu sorriso nos corredores dos meus dias.

Sinto saudades das manhãs de minha primavera que alegremente acordava minhas alegrias e convidava meus sentidos a experimentar novas emoções. O sutil perfume da vida aguçava os sentidos da natureza humana e a cadência ritmada do coração era atropelada vez por outra pela eminência da paixão.

Lembro-me quando atravessei a praça da nova cidade pela primeira vez e esperei na calçada o suspiro passar. O sol daquela manhã surpreendeu o olhar e despertou o encanto que entregou-se de imediato a certa possibilidade de um novo encontro. Era o primeiro amor chegando. Eram as primeiras flores desabrochando, e por certo os primeiros espinhos se aproximando...

Havia momentos em que tudo era riso. Deliciosas gargalhadas, filosofias de portão, esoterismo, a dúvida cruel de quem eu sou? Por que vim, para onde vou?

Os primeiros desafetos, as primeiras decepções...desencontros carimbados pelo ciúmes, lágrimas de dor e desilusão.

As primeiras poesias realmente sentidas pelo coração. Será que ainda as encontro num desses álbuns de recordação?

As primaveras... ai que saudades das manhãs de minha primavera.

Os setembros se repetem, primaveras chegam e outras se vão.

Mesmo que as flores já não sejam mais as mesmas, mesmo que os risos não sejam mais ouvidos, mesmo que o encanto tenha seguido outro rumo, ainda te guardo dentro de mim e minha saudade te beijará em silêncio sempre até que o sol não me acorde numa manhã qualquer de primavera.

Com saudades,

Vento de outono.

Vento de Outono
Enviado por Vento de Outono em 18/09/2011
Código do texto: T3227035
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