Bolhas de ar no meio do lago

Olhe ao longo do lago, veja as bolhas que se formam de tempos em tempos - sou eu tentando emergir, querendo respirar, mas logo volto para o fundo. E na escuridão repleta de limbo todo escorregadio e frio pego-me com medo, encolhida e sem outros iguais a mim.
Nem sequer sei como vim parar aqui, se com ou sem motivo, sei apenas que estou e quero sair.
Olhar e vejo uma luz sobre mim e ela me anima, há esperança. É o Sol que brilha me chama à vida. É por Ele que volto a respirar e insisto em reviver.
Ele, o meu Deus, me chama à vida, sei que mesmo quando for noite e eu não o puder ver estará comigo silencioso, pronto para me acudir o desespero. Normalmente quando passo pelo naufrágio Ele não me abandona, apenas eu que cega e surda não O vejo, ouço ou sinto. Então Ele, compreendendo minha pequenez tamanha perante Sua grandeza suprema manda-me um gancho, algo pequeno, visível e paupável como eu, algo que poderá até vir de dentro de mim mesma, de você ou de outra pessoa ou uma palavra simples palavra a me fisgar...

E então estarei de volta e já não verão o borbulhar sobre as águas, pois estarei fora das correntes; caminhando livre pelas campinas, cavalgando ou dançando sobre a relva fresca das manhãs, tirando da terra meu sustento diário e descansando no cair da noite.
 
Extraído de livro ... de Teresa Azevedo que pode ser adquirido no site wwwclubedeautores.com.br
 
Pintura de Edwad Munch

Teresa Azevedo
Enviado por Teresa Azevedo em 07/11/2011
Reeditado em 30/12/2021
Código do texto: T3322222
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