Última carta de uma meretriz
"Perdição, dor, humilhação, abusos, violência, penúria
O sol sempre nasce negro em minhas manhãs
Não vejo luz em nenhum lugar, nenhum, apenas breu...
A noite é longa, e as calçadas, compridas demais...
Os carros param, sou abordada, sempre usada, abusada
Cansaço eu sinto, rosto marcado por uma vida passada
Sobre muitas camas, sob muitos corpos, lençóis manchados...
Excluída sou, não tenho o direito de sonhar e viver
Da forma como eu gostaria, de viver um doce e eterno amor,
Pertencer a um único homem, aquele com que sempre sonhei
Os dias passaram, não aconteceu, o travesseiro noites molhei...
A cada noite que cai, triste, mais uma vez juro não voltar à rua,
Olho a despensa vazia, as contas vencidas, pego o batom e vou,
Tenho que ir, apesar da vontade de para muito longe partir,
Mais uma vez aturar, ouvir vozes, tocar corpos, sentir cheiros
Até mesmo de homens estúpidos, que sinto nojo e os odeio...
Nos domingos, na missa eu oro, me confesso, penitências faço,
Sempre clamando por perdão, me releve, mas é meu ganha pão
Apesar de tanto orar não sou ouvida, não fecha, não cura a ferida,
E toda noite faço a mesma súplica, Oh, Deus, não quero esta vida...
Sinto meus dias contados, exausta de viver, a morte me chama,
Não quero esperas, ou me levará ou irei por livre conta, cansei,
Esgotei as esperanças de ser, apesar de ser uma puta, humana!"
"Perdição, dor, humilhação, abusos, violência, penúria
O sol sempre nasce negro em minhas manhãs
Não vejo luz em nenhum lugar, nenhum, apenas breu...
A noite é longa, e as calçadas, compridas demais...
Os carros param, sou abordada, sempre usada, abusada
Cansaço eu sinto, rosto marcado por uma vida passada
Sobre muitas camas, sob muitos corpos, lençóis manchados...
Excluída sou, não tenho o direito de sonhar e viver
Da forma como eu gostaria, de viver um doce e eterno amor,
Pertencer a um único homem, aquele com que sempre sonhei
Os dias passaram, não aconteceu, o travesseiro noites molhei...
A cada noite que cai, triste, mais uma vez juro não voltar à rua,
Olho a despensa vazia, as contas vencidas, pego o batom e vou,
Tenho que ir, apesar da vontade de para muito longe partir,
Mais uma vez aturar, ouvir vozes, tocar corpos, sentir cheiros
Até mesmo de homens estúpidos, que sinto nojo e os odeio...
Nos domingos, na missa eu oro, me confesso, penitências faço,
Sempre clamando por perdão, me releve, mas é meu ganha pão
Apesar de tanto orar não sou ouvida, não fecha, não cura a ferida,
E toda noite faço a mesma súplica, Oh, Deus, não quero esta vida...
Sinto meus dias contados, exausta de viver, a morte me chama,
Não quero esperas, ou me levará ou irei por livre conta, cansei,
Esgotei as esperanças de ser, apesar de ser uma puta, humana!"